terça-feira, maio 27, 2008
MagaCINE podcast 2 :: Indy is back!
Etiquetas: podcast
sexta-feira, maio 23, 2008
Trumbo, Donald Trumbo
Este documentário incrível irá estrear nos Estados Unidos (duvido que vá às salas por cá) e é sobre a vida intensa do talentoso Dalton Trumbo, um dos argumentistas mais geniais da história do cinema (escreveu, por exemplo, o épico Spartacus, Johnny Got His Gun e do único Papillon, de que falei aqui) que foi altamente prejudicado pela caça às bruxas nos Estados Unidos. Foi proibido de escrever filmes, mas acabou por ganhar um Oscar com um pseudónimo e nunca reclamar o prémio com medo de represálias. Foi o único Oscar que nunca foi reclamado. A ver!
O Trailer
Sinopse
TRUMBO is the story of screenwriter Dalton Trumbo’s remarkable journey from Hollywood royalty to blacklisted writer to Academy Award winner. Focusing on the writer’s own indelible words, the film features performances of some of his extraordinary letters, clips from his films and, archival and contemporary interviews with those who knew him best. The film illustrates how one man’s unerring belief in the First Amendment and the power of the written word-plus a drink or two-empowered him to fight back after being blacklisted by HUAC. Forced to write underground, letter writing became the chief repository of Trumbo’s extraordinary talents, and they serve as a wonderfully entertaining testament to his boundless intellect, acerbic humor, and staggering resilience.
In Theatres: June 27th, 2008
Documentary
Peter Askin (dir.)
Michael Douglas, Donald Sutherland, Liam Neeson, Nathan Lane, Brian Dennehy
Dalton Trumbo - Wikipedia
Tropic Thunder
O que é o cinema comercial
"Se o «cinema comercial» é um cinema que pode ser visto por toda a gente, que não tem grandes complexidades narrativas ou interpretativas, que não exige leituras ou conhecimentos especiais, que lida de modo directo com os anseios e os medos básicos, então não tenho absolutamente nada contra o cinema comercial: We Own the Night, por exemplo, é grande cinema comercial (a família como tragédia inelutável).
Se «cinema comercial» é aquele cinema feito para agradar ao maior número de pessoas, então não me interessa de todo. Não gosto de nada que seja feito para agradar «ao maior número de pessoas». De nada nem de ninguém."
Pedro Mexia
quarta-feira, maio 21, 2008
Paulo Coelho faz alquimia em Hollywood
Esperemos que não seja uma adaptação tão fraca quanto o filme O Perfume.
Paulo Coelho's 'The Alchemist' Goes Big Screen
On a press conference in Cannes on Sunday, May 18, Weinstein Company's topper Harvey Weinstein let out that the studio will bring Paulo Coelho's best selling novel to the big screen.
"The Alchemist", the most prominent and bestseller novel from the Brazilian author, Paulo Coelho, will be adapted into a big screen material. The announcement of the matter has been done during a press conference at Cannes Film Festival on Sunday, May 18 by one of the owner of The Weinstein Company, Harvey Weinstein.
Indy pelo Vasco e pelo Vaza
Este chapéu só lhe serve a ele, Indiana Jones
Vasco Câmara, em Cannes
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal foi apresentado em Cannes e não desiludiu. O cinema de aventuras de Spielberg está de volta
A primeira coisa que se vê dele é um chapéu e logo a seguir ouve-se o mítico "ta ta ra ta, ta ta ra". Depois uma sombra, "ta ta ra ta, ta ta ra", depois o esgar, também o conhecemos, rompe o ecrã e Dr. Jones, sexagenário, está em forma nas suas "lines": "Isto vai sendo cada vez mais difícil...", queixa-se. Problemas de ciática, Indiana?
Os acordes que John Williams transformou em banda sonora para a aventura de uma geração, "ta ta ra ta, ta ta ra", tinham começado, no entanto, a ouvir-se horas antes no festival de cinema de Cannes.
Duas horas de espera ao sol para conseguir entrar, ontem à tarde, na primeira projecção mundial de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, de Steven Spielberg, apagaram a desconfiança que crepitava em muitos dos milhares de jornalistas que foram as primeiras pessoas no mundo a aplaudir o regresso de Indiana Jones, 19 anos depois da última aventura.
Não há desculpas para tamanha falta de crença, mas há razões que explicam que o simples mencionar das palavras "Indiana Jones" pudesse originar um ranger de dentes.
mais aqui
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A experiência do Marco Vaza com os filmes de Indiana Jones não é muito diferente da minha.
Mr. Jones e ele
Marco Vaza
Não há limites na devoção a um filme. Para três miúdos americanos do Mississípi, a devoção a Os Salteadores da Arca Perdida atingiu um nível tal que se puseram a fazer um remake do primeiro capítulo das aventuras de Indiana Jones: durante sete anos, torraram o dinheiro das mesadas, pediram chicotes, blusões de cabedal e chapéus como prendas de anos e de Natal, e quase pegaram fogo à garagem da casa de um deles, para fazerem a homenagem suprema (que tem tamanho de longa-metragem, 100 minutos) ao seu filme preferido.
O filme foi esquecido e chegou às mãos do realizador Eli Roth, que o passou a Steven Spielberg. Spielberg, conta a lenda, terá visto o filme mais que uma vez, recebeu os rapazes e elogiou-os. O filme, esse, não teve direito a um lugarzinho nos extras do DVD dos três filmes, mas todas as suas projecções (poucas e com as receitas a irem para a caridade, porque eles não podiam fazer dinheiro com o filme) tiveram lotação esgotada. A história dos três amigos vai ser contada num filme de grande orçamento em Hollywood.
A minha história não é tão original e não merece ser contada no cinema. Não me deu para fazer um filme, nunca tive um chicote e nunca usei um chapéu igual ao de Indiana Jones. Limitei-me a ver o filme. Dezenas de vezes. Seguramente, o filme que mais vezes vi nos últimos 27 anos. A sala de cinema onde vi, aos seis anos, pela primeira vez (e pela segunda) Os Salteadores da Arca Perdida já não existe. O que antes era conhecido como Alfa Triplex (que ficava no Areeiro, em Lisboa) é agora um condomínio. Quando apareceu lá em casa, a meio dos anos oitenta, o primeiro gravador-leitor de vídeo, foi dos primeiros filmes que gravei, de uma Lotação Esgotada das quartas-feiras à noite, na RTP1, com anúncios da época. Essa cassete foi substituída por outra, parte integrante de uma caixa com os três filmes da série, que, por sua vez, passou do prazo quando os mesmos filmes saíram em DVD e, inevitavelmente, foram parar a uma prateleira de casa.
Ter visto os Salteadores tantas vezes é uma proeza de utilidade discutível. De acordo. Saber recitar o diálogo completo (com variações de voz) entre Harrison Ford e Alfred Molina a discutirem numa caverna colombiana não é coisa que se tenha em destaque no currículo, nem é uma experiência recomendável reproduzir o concurso de quem bebe mais shots de bagaço entre Karen Allen e um nepalês mal-encarado. Mas há qualquer coisa num filme em que um dos vilões é um macaco que sabe fazer a saudação nazi.
segunda-feira, maio 19, 2008
Indiana parece estar em forma! *
domingo, maio 18, 2008
Tiago recebe Globo das mãos de Peter O'Toole
O talentoso Tiago R. Santos, meu ex-professor, e argumentista do filme Call Girl recebeu das mãos do incrível Peter O'Toole o Globo de Ouro de Melhor Filme, em nome de António Pedro Vasconcelos.
Não é todos os dias que um argumentista, em Portugal, sobe a um palco para receber um prémio, parabéns!
PS: convém ignorar a pseudo entrevista/tradução fraquinha de Bárbara Guimarães a Peter O'Toole.
quarta-feira, maio 14, 2008
Cannes em directo
Como sou uma alma caridosa (not really) deixo-vos de seguida o link para um site com uma câmara em directo para a entrada principal do Festival de Cannes - o tal tapete vermelho. Só é pena não haver os filmes de Cannes em directo, isso é que era!
Em competição pelo prémio máximo, a Palma de Ouro, estão ainda, entre outros, "Adoration", de Atom Egoyan, "Che", de Steven Soderbergh, "Changeling", de Clint Eastwood, "Linha de Passe", de Walter Salles e Daniela Thomas, e "Palermo Shooting", de Wim Wenders.
Fora de competição, o destaque tem sido dado às exibições de "Indiana Jones e o reino da caveira de cristal", com o regresso do mais aventureiro dos arqueólogos quase vinte depois de estreada a trilogia, do documentário "Maradona", de Emir Kusturica, e do mais recente filme de Woody Allen, "Vicky Cristina Barcelona". Manoel de Oliveira estará em Cannes para ser homenageado pela organização do festival pelo seu contributo para a história do cinema. Domingo, no Grand Théâtre Lumière, será exibido "Douro, faina fluvial", o primeiro filme do decano cineasta português. Na sessão estará presente o ministro da Cultura português, José António Pinto Ribeiro.
Nesta edição do festival de Cannes, que termina a 25 de Maio, haverá apenas dois filmes portugueses em exibição oficial: "Aquele querido mês de Agosto", de Miguel Gomes, que passará na Quinzena de Realizadores, e a animação "Até ao texto do mundo", de Carlos Silva, António Costa Valente e Vítor Lopes.
Quentin Tarantino, Palma de Ouro em 1994 com "Pulp Fction", dará uma aula de cinema.
O júri será presidido pelo actor e realizador norte-americano Sean Penn.
Kung Fu Jack Black!
sexta-feira, maio 09, 2008
Goodnight Irene visto pelos olhos de quem o fabricou
Depois de já terem rodado e produzido o filme e agora que estão a dias da estreia, o que é Goodnight Irene significou para vocês?
NUNO Para mim foi muito mau (risos).
PAOLO …Querem que me vá embora? (risos)
NUNO Para já, desde o Alice nunca mais tinha feito cinema e quando rodei este filme já tinham passado três anos desde a última vez. Foi um regresso ao cinema, que eu tinha muita vontade que acontecesse. Já tinha recebido convites, uns que declinei por falta de tempo, outros porque os projectos não me interessavam. E com o Goodnight Irene apareceu o filme que me apetecia fazer até porque havia uma expectativa grande da minha parte. Houve ainda o lado de voltar a trabalhar com uma pessoa que está a fazer uma primeira obra, que eu acho interessante, porque estás a descobrir as coisas ao mesmo tempo que o realizador e sentes que estás a fazer parte de algo muito importante para ele.
PAOLO O Nuno tem razão quando diz a primeira obra é de uma importância muito grande para um realizador. Uma pessoa encara como se fosse o único filme que fosse fazer. Tudo tem uma importância de vida ou de morte. Agora, olhando para trás, o que achei mais fantástico foi sentir que todos trabalharam na mesma direcção. Isso tinha-me preocupado no início, mas desde os actores à equipa técnica, senti que éramos realmente uma equipa a trabalhar para o mesmo objectivo, que parecia ser maior do que nós. Apesar de ter sido eu a engendrar tudo aquilo, sentia-me apenas mais uma peça. Essa sensação de família intelectual e criativa foi muito especial e inesquecível.
Como é que surgiu a ideia para o Goodnight Irene?
PAOLO A maioria das ideias que tenho surgem de imagens muito simples. A partir daí faço quase um trabalho de detective a perceber porque a imagem é importante para mim. Neste caso tinha presente a imagem de duas personagens, Alex e Bruno, que estavam numa casa que não era deles. O Alex, mais velho, estava numa cadeira de rodas e o Bruno a empurrá-lo ao som de música, quase a fazê-lo dançar. No fundo soube quem eram as personagens, havia uma interdependência emocional entre dois homens sozinhos e individuais que estavam à vontade numa casa que não era deles.
NUNO Aliás, essa cena está no filme.
Nuno, como definirias a personagem do Bruno e o que deste de ti a ele?
NUNO O Bruno é muito solitário. Foi abandonado e isso tem uma marca muito importante na vida dele. E no cerne do personagem parece existir uma vontade de voltar a ter uma família, uma casa. Conscientemente o Bruno recusa isso e faz o contrário: esconde-se do mundo e isola-se. Esses dois lados confrontam-se e explodem nos assaltos dele às casas dos outros, que é como se fosse uma droga para poder sentir-se parte de uma família. A partir do momento em que a Irene entra na vida do Bruno e do Alex, eles percebem que a vida deles já não pode ser a mesma, porque passam a falar com outra pessoa e precisam disso. Quando ela desaparece, isso passa a focar-se um no outro e começam-se a aproximar.
Existe uma relação forte no filme entre o Alex, interpretado pelo experiente Robert Pugh, e o Bruno. Foi fácil criar isso com alguém tão experiente?
NUNO Havia um certo receio da minha parte em trabalhar com o Robert. Nunca tinha trabalhado em cinema com um actor estrangeiro e sei que a cultura pode influenciar. Além disso, o Robert tinha uma experiência gigante e trabalhado com pessoas que admiro. E era fundamental para o filme que a nossa relação funcionasse e houvesse cumplicidade. No início parecia haver um certo distanciamento que se foi quebrando com a rodagem e com o juntar dos dois personagens, até que passou a haver uma química muito especial no filme e na vida real. Começámo-nos a dar cada vez melhor e na rodagem em Espanha já nos divertíamos que nem loucos e éramos melhores amigos.
PAOLO Estavam sempre na brincadeira (risos). Uma vez, em Espanha, tivemos um problema de luz e foi necessário conduzir o carro em que iam o Nuno e o Robert durante duas horas, à procura do melhor local. Normalmente os actores sairiam do carro para estarem mais confortáveis. Mas eles ficaram lá na conversa a rir constantemente todo aquele tempo!
Do que é que falaram tanto?
NUNO Falámos muito pouco de cinema, curiosamente.
PAOLO Foi mais Kant e Nietzsche (risos)
NUNO (risos) Acabou por ser mais situações da vida, histórias daquela rodagem e de rodagens anteriores. O Robert tem imensas histórias incríveis de rodagens, inclusive do Master & Commander… mas não sei se posso contar… (risos).
Porque é que o nome do filme mudou já depois da rodagem de Olho Negro para Goodnight Irene?
PAOLO Quando entrámos na rodagem o título já não fazia muito sentido porque as cenas que o justificavam tinham sido retiradas do guião. Só comecei a pensar num novo título na fase final da montagem. Como a Irene é a catalisadora da história, achei que era bom inclui-la no título. E depois a música folk americana Goodnight Irene surgiu na rodagem de forma espontânea, não existia no guião.
NUNO A canção era o Robert que conhecia, eu só o acompanhei. Começámos a cantá-la no chão do Terreiro do Paço.
PAOLO Durante muito tempo, na montagem, não pensava incluir essa cena em que eles cantam juntos. Mas acabei por usar porque me agrada essa parte da espontaneidade e parecia um bom título. Houve bastante contributo dos actores.
Paolo, acha que era fácil encontrar duas personagens assim na baixa de Lisboa?
PAOLO Acho que sim. O Alex faz locução para guias turísticos e isso existe. Fui actor da companhia Lisbon Players. E havia uma série de ex-patriados, que tinham sido actores e ganhavam a vida a fazer narrações. Foi a base para a mecânica da personagem do Alex. O Nuno faz chaves e é um português típico com traumas muito particulares.
Como é que o experiente Robert Pugh entrou para este filme?
PAOLO Tivémos de suborná-lo (risos)… Fizemos um casting em Londres e havia muito a atitude de alguns agentes de actores do tipo “quem és tu?” Houve dificuldade e estranheza por ser um filme português a tentar arranjar um actor com alguma experiência e por ser um realizador estreante. A escolha acabou por ser fácil. No fundo o Robert era o melhor. A relação com ele foi óptima. No início foi algo mais profissional, mas imediatamente percebi não estava a lidar com uma vedeta no mau sentido do termo. E acho que ele ganhou confiança na minha realização e o sentido de humor dele aproximou-nos. Hoje somos amigos.
O filme passa-se quase todo no centro de Lisboa e num apartamento. Porque houve a necessidade de torná-lo, depois, num road movie até Espanha?
PAOLO Era enfatizar a procura das duas personagens em busca da Irene. A Irene é o catalizador de uma busca em todos os sentidos. Da própria Irene, que desapareceu, e de uma proximidade com outras pessoas e a busca de algum sentido. Eles tinham de tomar esse último passo e sair desse quase casulo que era a casa da Irene.
NUNO Nunca espero muito. Gostava muito que as pessoas gostassem, mas nunca sei bem o que vão achar. Sei o que eu acho, mas também estou tão dentro do projecto... Estou muito curioso.
PAOLO Já tive feedback positivo. Satisfaz-me ver que as pessoas reagem bem ao humor que está no filme. Para mim isso é óptimo. O filme esteve em Itália e vai para outro festival no Reino Unido. Acho que a reacção em Portugal vai ser positiva. São personagens com que é fácil identificarem-se.
Têm outros projectos no cinema?
PAOLO Sobreviver (risos). Agora estou a trabalhar num novo argumento de outra longa-metragem que se passa em Portugal e na Índia.
NUNO Acabei de gravar outra longa-metragem, Efeitos Secundários, de Paulo Rebelo e no cinema, para já, não tenho projectos confirmados.
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Perfis
Nuno Lopes – o multifacetado
Acabadinho de fazer 30 anos, Nuno Lopes tem alternado como poucos em Portugal (talvez apenas como Nicolau Breyner), entre a comédia e o drama. Formado na Escola Superior de Teatro e Cinema e com diversas formações no estrangeiro, Nuno tem já uma vasta experiência em teatro, televisão (onde trabalhou no Brasil e em Portugal) e cinema. Apesar de termos visto o seu talento para a comédia na televisão (Herman SIC, Diário de Maria e Paraíso Filmes) foram os papéis dramáticos que lhe trouxeram distinções: o Globo de Ouro de Melhor Actor em 2006, pelo filme Alice, o prémio de Melhor Actor no Festival de Cinema Luso-Brasileiro e o de Shooting Star no Festival de Cinema de Berlim.
Nuno está satisfeito até porque «trabalho não falta» e «não tenho parado». «Neste momento estou numa peça na Cornucópia chamada D. Carlos», explicou enquanto rabiscava o seu caderno de apontamentos (sempre presente), antes de iniciarmos esta entrevista, advertindo ainda que termina já no dia 18 de Maio. Mas o maior desafio recente é a série televisiva de sketches humorísticos para a RTP1, Os Contemporâneos, «onde me tenho divertido imenso mas que me tira muito tempo». Até porque Nuno ainda faz locuções publicitárias e, quando pode, é DJ.
No cinema, depois do muito elogiado Alice, de Marco Martins, de ter entrado em Quaresma e Peixe Lua e António, Um Rapaz de Lisboa, fez este Goodnight Irene e acabou de rodar Efeitos Secundários, de Paulo Rebelo. Para já é tudo, «enquanto não se confirmam alguns projectos que lhe foram sugeridos».
Paolo Marinou-Blanco – o poliglota
Tem um nome de origem italiana, pai português, mãe grega e nasceu em Nova Iorque. Mas o carácter internacional de Paolo não se fica por aqui. Saiu de Nova Iorque aos dois anos, onde «nasceu por acaso» e viveu depois na Bélgica, Madeira, Grécia, África do Sul e Macau. Tudo isto porque o pai era delegado da TAP. Aos 18 anos saiu de casa e passou a maior do tempo entre Londres, Nova Iorque e Portugal.
«Inicialmente não ligava ao cinema, interessava-me era o teatro e comecei como actor e depois encenador», explicou Paolo, admitindo que não tinha talento para actor. Depois quis «enriquecer o intelecto» e estudou Filosofia e História em Londres, tendo ainda feito um mestrado em Literatura Francesa. Com 24 anos e graças a ter descoberto o filme Pierrot le fou, de Jean-Luc Godard, «percebi que queria fazer cinema». Seguiu-se novo périplo de estudos agora em Nova Iorque (de 2000 a 2003), onde teve a ideia e escreveu o Goodnight Irene, que foi rodado em 2005 e estreia esta semana.
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Curiosidade
Nuno Lopes é um estudioso das personagens que interpreta, especialmente no cinema. Para fazer do tímido Bruno, em Goodnight Irene, viu dezenas de filmes e alguns livros. Stalker, de Andrei Tarkovsky, The Conversation, do Francis Ford Coppola, Pickpocket, de Robert Bresson são alguns exemplos, bem como livros do Kafka, até porque o Bruno é «vive muito no seu mundo à parte», e filmes com Philip Seymour Hoffman. Também esteve uma semana a trabalhar na oficina de chaves onde a personagem trabalhava para «perceber o ofício e o universo daquelas pessoas».
Sinopse
Lisboa. Portugal. Hoje em dia. Para Alex e Bruno poderia ser qualquer outra época ou lugar. Alex é um actor inglês falhado, velho e solitário, que grava narrações para vídeos turísticos, e embebeda-se até adormecer. Bruno é um jovem e recatado serralheiro que se dedica à sua obsessão: lutar contra a passagem do tempo, invadindo casas de estranhos para fazer “registos” das suas vidas. Partilham uma obsessão por Irene, uma atraente pintora, que tem toda a paixão pela vida que a eles lhes falta. Mas um dia Irene desaparece, sem deixar rasto... Embora inicialmente contrariados, Alex e Bruno unem forças para descobrir o que lhe aconteceu. À medida que procuram pistas no apartamento de Irene, vão se instalando aos poucos, e uma verdadeira amizade nasce entre estes dois homens solitários. Quando descobrem que Irene poderá estar em perigo em Espanha, este dois heróis improváveis decidem salvá-la.
Etiquetas: cinema, entrevista, goodnight irene
sábado, maio 03, 2008
A caminho :: O Contrato
Vem aí um novo filme português com pretensões comerciais e repleto de ingredientes para isso. A nudez de Cláudia Vieira é uma delas, tal como a nudez de Soraia Chaves em O Crime do Padre Amaro o foi. Chama-se O Contrato, é a estreia do melhor actor português de cinema de todos os tempos na realização, Nicolau Breyner, e este blog tem bastante curiosidade em saber se será mais um miserável O Crime do Padre Amaro ou um entusiasmante, dentro do género, Call Girl.
Link para a produtora do filme O Contrato
sexta-feira, maio 02, 2008
Promete :: Blindness
Blindness
by moviestrailer
Ora aí está o trailer do filme Blindness, baseado no romance Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago com um elenco de respeito (o envolvente Mark Ruffalo, a intensa Julianne Moore) e um realizador brilhante, Fernando Meirelles. O drama poderá abrir a edição deste ano do Festival de Cannes.
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Cannes eyes 'Blindness'
'Hunger' set to open Un Certain Regard
By ADAM DAWTREY, JOHN HOPEWELL
LONDON — Fernando Meirelles’ “Blindness” is being eyed to open the Cannes Film Festival, while “Hunger,” from Brit director Steve McQueen, is the leading candidate to kick off Un Certain Regard. A drama-thriller about a city succumbing to a blindness epidemic, “Blindness” stars Julianne Moore and Mark Ruffalo.
It’s produced by Meirelles’ Brazilian label O2 Filmes, Japan’s Bee Vine Pics and Rhombus Media in Toronto, the source of many press reports that identify the film as the May 14 Cannes opener.
in Variety
A ver :: Goodnight Irene *
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Entrevista a Robert Pugh
(para o Mundo Universitário)
«Seria fantástico fazer um filme em Portugal como realizador»
É um actor britânico experiente e que já trabalhou grandes actores como Anthony Hopkins, Russell Crowe, Paul Bettany e realizadores como Peter Weir e George Cukor. Chama-se Robert Pugh e é um dos protagonistas do curioso filme português Goodnight Irene, do luso-grego Paolo Marinou Blanco, onde contracena com Nuno Lopes e Rita Loureiro. O senhor Pugh, que não dispensa uma bela cerveja gelada, falou por e-mail sobre a experiência que teve em Portugal.
João Tomé
Porque é que um actor de nível mundial como o Robert aceitou participar neste filme?
Não tenho a certeza sobre se sou de nível mundial, mas quis fazer o filme porque estava bem escrito e achei que o Paolo [Marinou Blanco] era um realizador muito perspicaz – o que não é assim tão comum com muitos realizadores com quem já trabalhei. Acho que o Paolo tem um grande futuro, especialmente se continuar a apostar em mim!
Neste filme desempenha o papel de um inglês (Alex) num país estrangeiro que é “a voz” de guias turísticos para sítios onde nunca esteve. Acha que esse homem existe mesmo e de que forma se assemelha com o Robert?
Já fiz várias locuções para comida de gato e roupa interior feminina mas nunca experimentei o produto! Por isso, nesse aspecto, assemelha-se a mim. É a voz de um actor e as pessoas acreditam em tudo o que ele descreve desde que o actor esteja bem no papel.
O que gostou mais na personagem do Alex?
A melhor coisa nele é que é muito humano, tem muitas camadas e é de uma idade em que pode ser rezingão e insultuoso e escapar sem problemas.
Foi bom trabalhar em Portugal? Aconteceu alguma peripécia curiosa?
Adoro Portugal e os portugueses. Lembro-me que numa noite no Bairro Alto, o homem do som, Pedro Melo, ensinou-me uma canção portuguesa atrevida enquanto o resto do elenco tentava impedi-lo. Mas agora a canção está gravada no meu coração e já me pagaram muitas cervejas por causa dela!
Trabalhou em várias peças de teatro, séries televisivas e filmes no Reino Unido. O que mais gosta?
Gosto de todas as áreas porque tornamo-nos parte de uma família e fazemos novos amigos quando trabalhamos em todos esses meios.
Esteve em grandes filmes de Hollywood como Master and Commander e A Última Legião. Em que sentido essas experiências foram diferentes da que teve em Goodnight Irene? É o Russell Crowe um tipo tão porreiro quanto Nuno Lopes?
É a mesma coisa, menos no que diz respeito aos bastidores. O Nuno Lopes é um dos homens mais simpáticos que conheço. Só há uma coisa que eu não gosto no Nuno: é que ele não bebe álcool!
Fala bastante português neste filme. Aprendeu alguma coisa da língua?
Tentei aprender antes da rodagem, mas a Rita Loureiro, o Nuno e o Pedro Melo foram os meus melhores professores.
Na sua carreira que já dura desde 1976 quais foram os actores e realizadores mais entusiasmantes com quem trabalhou?
Nos actores e sem contar com a Rita e o Nuno: Anthony Hopkins, Russell Crose, Paul Bettany, Charles Gray e muitos mais. Nos realizadores: Lynsey Anderson,
George Cukor, Peter Wier, David Blair e muitos outros.
Do que é que tem mais orgulho em todos estes anos?
Sinto orgulho de tudo o que fiz.
Quais são os seus projectos para o futuro? Tem planos de voltar em Portugal em trabalhou ou em férias?
Adoraria voltar a trabalhar em Portugal. Eu também escrevo e realizo e seria fantástico fazer um filme em Portugal como realizador.
Ficha do actor no IMDb
Site do filme
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Entrevista ao director de fotografia Miguel Sales Lopes
«Em todos os filmes existe uma cena que parece impossível de fazer»
Como definiria a importância do director de fotografia num filme, para aqueles que são leigos na matéria?
É o responsável final pela imagem do filme em todos os aspectos possíveis, desde a qualidade técnica até às capacidades narrativas e leituras dramáticas do filme transmitidas através da fotografia. Mas, no entanto, só se filma o que está à frente da câmara: actores com diálogos, guarda-roupa, décores. Tudo isto faz parte da imagem. Mesmo coisas incontroláveis, como se chove ou faz sol, definem todo o resultado final.
Durante a preparação trabalha com o realizador na criação de um conceito que possa servir o filme, com a produção e demais sectores para que as condições necessárias existam e durante a rodagem manter a visão do realizador, mas de modo a que todo o processo técnico seja o mais transparente para o realizador e actores.
site de Miguel Sales Lopes
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Entrevista com Rita Loureiro
«O Cinema é ainda um mistério para mim»
O que é que a Irene tem de especial para ter dois homens encantados por ela?
Ser uma mulher com uma energia muito forte, que se consegue impor na rotina e, na vida daqueles dois homens, de uma forma intensa. Ao mesmo tempo, tem um lado muito misterioso que os cativa. É uma presença ausente.
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Sinopse do filme Goodnight Irene
Lisboa. Portugal. Hoje em dia. Para Alex e Bruno poderia ser qualquer outra época ou lugar. Alex é um actor inglês falhado, velho e solitário, que grava narrações para vídeos turísticos, e embebeda-se até adormecer.Bruno é um jovem e recatado serralheiro que se dedica à sua obsessão: lutar contra a passagem do tempo, invadindo casas de estranhos para fazer “registos” das suas vidas, que depois guarda num arquivo nas traseiras da sua loja. Partilham uma obsessão por Irene, uma atraente pintora, que tem toda a paixão pela vida que a eles lhes falta. Mas um dia Irene desaparece, sem deixar rasto... Embora inicialmente contrariados, Alex e Bruno unem forças para descobrir o que lhe aconteceu. À medida que procuram pistas no apartamento de Irene, vão se instalando aos poucos, e uma verdadeira amizade nasce entre estes dois homens solitários. Quando descobrem que Irene poderá estar em perigo em Espanha, este dois heróis improváveis decidem salvá-la. A viagem poderá ser em vão. Mas irão fazê-la juntos. Como amigos.
Trailer do filme: www.goodnight-irene-film.com/
De: PAOLO MARINOU BLANCO
Com: NUNO LOPES, ROBERT PUGH, RITA LOUREIRO
A culminar este périplo de entrevistas sobre este filme que vale a pena, já entrevistei o realizador e o actor Nuno Lopes pessoalmente também para o MU, algo que colocarei aqui em breve.
* o filme estreia a 15 de Maio
Etiquetas: cinema, entrevista, goodnight irene