sábado, novembro 06, 2010
Quem quer ser Zuckerberg?
David Fincher conta em ‘A Rede Social’ a história do génio anti-social por trás do Facebook. Mark Zuckerberg criou o Facebook aos 19 anos, angariou inimigos, tornou-se bilionário (sem precisar de concursos de tv) e já deu filme (sem a sua aprovação), aos 26 anos.
Em 1995, no que parecia ser a pré-história da Internet, uma rapariga chamada Sandra Bullock era fugitiva no filme A Rede, que mostrava como a informação oficial já passava pela Internet e como isso podia ser perigoso. Hoje a Internet é o mundo da partilha social. Google, Youtube, Facebook são “casa” para filhos, pais e até avós.
Depois de nos ter trazido o filme-existencialista de uma geração, Clube de Combate, e pérolas como 7 Pecados Mortais, O Jogo, O Estranho Caso de Benjamin Button, Zodiac, entre outros, David Fincher é o homem perfeito para nos contar a incrível e narcisista história de como um jovem, Mark Zuckerberg, criou a rede social que expandiu a forma como interagimos uns com os outros na Internet.
O Facebook é hoje a maior rede social do planeta, com 500 milhões de utilizadores e a ironia é que o seu criador é um jovem solitário programador.
Zuckerberg (bela interpretação de Jesse Eisenberg) é retratado entre o tipo insensível e anti-social mas inteligente, muito egocêntrico mas determinado, sem escrúpulos para atingir objectivos mas trabalhador.
O filme de Fincher, escrito por Aaron Sorkin e baseado no livro de 2009 do jornalista Ben Mezrich, Milionários Acidentais, mostra o energético Zuckerberg no seu jeito para duas coisas: afastar raparigas e amigos e programar - curiosamente o filme começa com a rapariga com quem tinha saído umas vezes na altura, a acabar com ele.
Génio com inimigos
O que despoletou o Facebook chamava-se Facemash – um site que reunia (indevidamente) fotografias das raparigas da Universidade de Harvard. O filme depois mistura os momentos em que Zuckerberg e os seus advogados respondem aos dois processos judiciais de que ele foi alvo e os momentos da criação do site, fechado no quarto, a programar, ainda sem noção do que estava a criar.
Os processos chegaram porque Zuckerberg enganou dois colegas elitistas que tiveram uma ideia próxima do Facebook e o contrataram; e enganou o seu único amigo, Eduardo, que foi quem pagou o projecto desde o início.
Sean Parker, o ‘guia’ para as boas ideias
Personagem a não perder é o “geek” engatatão e com talento para o negócio, Sean Parker – excelente interpretação de Justin Timberlake - outra ironia, ver alguém que causou muitas noites mal dormidas às editoras de música ser retratado por uma estrela pop. Parker é o co-criador do mítico site de partilha de música, Napster, e ajudou Zuckerberg a escolher o caminho para o Facebook – passou por não vender o projecto nem prescindir de ser o CEO. É mais um jovem talento da era da Internet, ou não fosse este um filme que retrata, em certa medida, uma geração.
O poder de uma ideia
O filme assume-se como um retrato pertinente e actual (Fincher fez questão que estreasse este ano e pudesse, assim, ser de uma actualidade rara no cinema) sobre a juventude, o orgulho, a traição... E o poder de uma boa ideia, que uniu socialmente parte do mundo. Tudo criado por alguém muito pouco social.
Apesar de não ser uma comédia, um thriller, um filme de acção, não ter cenários espectaculares (passa-se entre os quartos simples de Harvard, uma vivenda em Palo Alto e escritórios de advogados), é um filme de personagens complexas (onde o fácil é não gostar do protagonista), de significados diversos profundos e que promete não deixar ninguém indiferente e suscitar discussões sobre o tema.
E não, não é um filme para amantes do Facebook, é um filme para amantes de uma boa história.
Classificação: * * * * *
FICHA
Realizador: David Fincher
Com: Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Rashida Jones
Género: Drama/Biografia
EUA, 2010; 121 minutos
--
A banda
E o que dizer da banda sonora? Perfeita é geral demais. Inteligente, irónica, indicada para a história, memorável, original, por aí. É isso que se sente ao ouvir Creep (dos Radiohead), cantada por um coro de crianças; e a canção dos Beatles com que termina o filme como que encaixando todas as peças, Baby, You're a Rick Man. Fincher mantém-se fiel ao lema de que tudo no filme conta, do genérico inicial ao fim. Exemplo melhor, nesse capítulo, do que Clube de Combate (termina com Where Is My Mind, dos Pixies), não há.
Enquanto em Clube de Combate Fincher lidava com adultos em crise existencialista, nas suas vidas sem objectivos que valessem a pena, conformadas e interessadas nos bens mais supérfluos (ironizando com o objectivo de ter mais móveis IKEA), em A Rede Social Fincher volta atrás e fala do que guia a juventude, o desejo de mudar o mundo, o egoísmo e narcisismo natural (de Zuckerberg), o desejo de ser especial e igual ou mesmo mais do que os outros. É isso mesmo que diz a música Creep, cantada no filme por um coro de crianças. Melhor mistura entre inocência, necessidade de se sentir integrado na sociedade e ganância não há.
Em 1995, no que parecia ser a pré-história da Internet, uma rapariga chamada Sandra Bullock era fugitiva no filme A Rede, que mostrava como a informação oficial já passava pela Internet e como isso podia ser perigoso. Hoje a Internet é o mundo da partilha social. Google, Youtube, Facebook são “casa” para filhos, pais e até avós.
Depois de nos ter trazido o filme-existencialista de uma geração, Clube de Combate, e pérolas como 7 Pecados Mortais, O Jogo, O Estranho Caso de Benjamin Button, Zodiac, entre outros, David Fincher é o homem perfeito para nos contar a incrível e narcisista história de como um jovem, Mark Zuckerberg, criou a rede social que expandiu a forma como interagimos uns com os outros na Internet.
O Facebook é hoje a maior rede social do planeta, com 500 milhões de utilizadores e a ironia é que o seu criador é um jovem solitário programador.
Zuckerberg (bela interpretação de Jesse Eisenberg) é retratado entre o tipo insensível e anti-social mas inteligente, muito egocêntrico mas determinado, sem escrúpulos para atingir objectivos mas trabalhador.
O filme de Fincher, escrito por Aaron Sorkin e baseado no livro de 2009 do jornalista Ben Mezrich, Milionários Acidentais, mostra o energético Zuckerberg no seu jeito para duas coisas: afastar raparigas e amigos e programar - curiosamente o filme começa com a rapariga com quem tinha saído umas vezes na altura, a acabar com ele.
Génio com inimigos
O que despoletou o Facebook chamava-se Facemash – um site que reunia (indevidamente) fotografias das raparigas da Universidade de Harvard. O filme depois mistura os momentos em que Zuckerberg e os seus advogados respondem aos dois processos judiciais de que ele foi alvo e os momentos da criação do site, fechado no quarto, a programar, ainda sem noção do que estava a criar.
Os processos chegaram porque Zuckerberg enganou dois colegas elitistas que tiveram uma ideia próxima do Facebook e o contrataram; e enganou o seu único amigo, Eduardo, que foi quem pagou o projecto desde o início.
Sean Parker, o ‘guia’ para as boas ideias
Personagem a não perder é o “geek” engatatão e com talento para o negócio, Sean Parker – excelente interpretação de Justin Timberlake - outra ironia, ver alguém que causou muitas noites mal dormidas às editoras de música ser retratado por uma estrela pop. Parker é o co-criador do mítico site de partilha de música, Napster, e ajudou Zuckerberg a escolher o caminho para o Facebook – passou por não vender o projecto nem prescindir de ser o CEO. É mais um jovem talento da era da Internet, ou não fosse este um filme que retrata, em certa medida, uma geração.
O poder de uma ideia
O filme assume-se como um retrato pertinente e actual (Fincher fez questão que estreasse este ano e pudesse, assim, ser de uma actualidade rara no cinema) sobre a juventude, o orgulho, a traição... E o poder de uma boa ideia, que uniu socialmente parte do mundo. Tudo criado por alguém muito pouco social.
Apesar de não ser uma comédia, um thriller, um filme de acção, não ter cenários espectaculares (passa-se entre os quartos simples de Harvard, uma vivenda em Palo Alto e escritórios de advogados), é um filme de personagens complexas (onde o fácil é não gostar do protagonista), de significados diversos profundos e que promete não deixar ninguém indiferente e suscitar discussões sobre o tema.
E não, não é um filme para amantes do Facebook, é um filme para amantes de uma boa história.
Classificação: * * * * *
FICHA
Realizador: David Fincher
Com: Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Rashida Jones
Género: Drama/Biografia
EUA, 2010; 121 minutos
--
A banda
E o que dizer da banda sonora? Perfeita é geral demais. Inteligente, irónica, indicada para a história, memorável, original, por aí. É isso que se sente ao ouvir Creep (dos Radiohead), cantada por um coro de crianças; e a canção dos Beatles com que termina o filme como que encaixando todas as peças, Baby, You're a Rick Man. Fincher mantém-se fiel ao lema de que tudo no filme conta, do genérico inicial ao fim. Exemplo melhor, nesse capítulo, do que Clube de Combate (termina com Where Is My Mind, dos Pixies), não há.
Baby you're a rich man
How does it feel to be
One of the beautiful people?
Now that you know who you are
What do you want to be?
And have you travelled very far?
Far as the eye can see.
How does it feel to be
One of the beautiful people?
How often have you been there?
Often enough to know.
What did you see, when you were there?
Nothing that doesn't show.
Baby you're a rich man,
Baby you're a rich man,
Baby you're a rich man too.
You keep all your money in a big brown bag inside a zoo.
What a thing to do.
Enquanto em Clube de Combate Fincher lidava com adultos em crise existencialista, nas suas vidas sem objectivos que valessem a pena, conformadas e interessadas nos bens mais supérfluos (ironizando com o objectivo de ter mais móveis IKEA), em A Rede Social Fincher volta atrás e fala do que guia a juventude, o desejo de mudar o mundo, o egoísmo e narcisismo natural (de Zuckerberg), o desejo de ser especial e igual ou mesmo mais do que os outros. É isso mesmo que diz a música Creep, cantada no filme por um coro de crianças. Melhor mistura entre inocência, necessidade de se sentir integrado na sociedade e ganância não há.
Creep
When you were here before,
Couldn't look you in the eye
You're just like an angel,
Your skin makes me cry
You float like a feather
In a beautiful world
I wish I was special
You're so fuckin' special
But I'm a creep,
I'm a weirdo
What the hell am I doin' here?
I don't belong here
I don't care if it hurts,
I wanna have control
I want a perfect body
I want a perfect soul
I want you to notice
when I'm not around
You're so fuckin' special
I wish I was special
But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doin' here?
I don't belong here
Comments:
Enviar um comentário