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domingo, fevereiro 08, 2009

Momentos de leitura 

João Lopes falou com Danny Boyle:

A Índia de Danny Boyle

Excertos:

Qual foi o papel de Loveleen Tandan, a co-directora do filme?
Na origem, ela era directora de casting. E convém lembrar que esse foi um processo muito demorado, quanto mais não seja porque cada uma das duas personagens principais tem três intérpretes. Daí que tenha estabelecido com ela uma relação muito para além do casting, envolvendo também o argumento e as suas opções. Acabou por funcionar como minha consultora: ajudou-me imenso a corrigir os erros que o argumento continha, erros resultantes de um olhar ocidental. Além do mais, Loveleen é alguém que tem a ambição de vir a realizar filmes e, neste caso, acabei mesmo por lhe entregar a direcção da segunda equipa de filmagens.

Seja como for, os modos de filmagem não foram típicos de Bollywood.
A atitude normal em Bollywood é: “Querem um bairo da lata? Então construímos o bairro da lata no estúdio.” Mas neste caso a atitude era: “Queremos filmar no próprio bairro da lata.” E filmámos mesmo, incluindo na zona imensa onde são lançados os excrementos. Houve mesmo um elemento da equipa de som que caíu na vala... A dimensão britânica do filme passa por esse realismo: porque eu sou britânico, claro, mas também porque a nossa tradição é mais realista. Em Bollywood, estão-se nas tintas: o que conta é o sonho. Por alguma razão, os realizadores são conhecidos como “mercadores de sonhos”.

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