<$BlogRSDURL$>

sexta-feira, novembro 14, 2008

Estoril inundado de cinema de primeira 




O Estoril Film Festival está aí e recomenda-se!


Começa hoje, ali para os lados do Estoril (Casino, Centro de Congressos, e tal) e tem um leque de artistas e de filmes que merece uma visita prolongada. De sexta até sábado. Entrevistei hoje de manhã o Paulo Branco a propósito do festival, no meio da agitação que é a véspera de um evento deste género. Mas se no cartaz de coisas para fazer da sala com vista para o Tejo estavam os nomes de Paul Auster e do prémio Nobel da Literatura de 2003, JM Coetzee - para os irem buscar durante o dia de quinta-feira -, a novidade do dia é mesmo a confirmação da presença do grande Bernardo Bertolucci.



http://www.capri-world.com/foto/bertolucci5.jpg



Passo a citar o press acabado de sair do meu e-mail:
BERTOLUCCI PRESENTE NA ABERTURA DO ESTORIL FILM FESTIVAL
Confirmada a presença de Bernardo Bertolucci no Estoril Film Festival já nesta sexta-feira. O realizador desloca-se a Portugal para ser homenageado, num evento que conta com as presenças confirmadas de Stephen Frears, Louis Garrel, Michael Pitt, Valeria Bruni-Tedeschi, Catherine Deneuve, Paul Auster, J.M. Coetzee, Mathieu Amalric (o mau da fita do mais recente filme do 007), François-Marie Banier, entre muitas outras novidades (só lamento não estar nestas novidades a bela e talentosa Eva Green, também ela, tal como Pitt e Garrel, protagonista do filme Dreamers.)
O principal homenageado do evento desloca-se a Portugal, a convite do EFF’08. A gala de abertura que tem início pelas 22 horas, homenageia o realizador na presença de amigos e personalidades que com ele trabalharam em ocasiões distintas.
Para além da exibição de algumas das suas mais emblemáticas obras ao longo do festival (Prima della Rivoluzione, Partner, La strategia del ragno, Último Tango em Paris, Novecento, La Luna, O Último Imperador, Histoire d’eaux – curta metragem de 2001 - Os Sonhadores ) o EFF’08 presta homenagem ao realizador italiano, numa noite muito especial onde será feita uma projecção de imagens que retratam alguns dos momentos mais marcantes da carreira do cineasta. E onde lhe será atribuído um prémio especial.



--
Os textos com que ocupei parte do meu dia hoje:




Um festival português estrelado
Os aliciantes mais vistosos da primeira edição do Estoril Film Festival, que começa hoje no Estoril, têm a forma de nomes, ou melhor, pessoas: os realizadores Stephen Frears, Agnès Varda e possivelmente Bernardo Bertolucci, os escritores Paul Auster, JM_Coetzee (prémio Nobel da Literatura), os actores Michael Pitt, Catherine Deneuve, Louis Garrel, Mathieu Amalric (o vilão do novo 007) e Valeria Bruni-Tedeschi.
«É uma teia de conhecimentos que tenho de 30 anos de experiência e de admirações mútuas, que existe entre os artistas. Uns nomes chamam os outros e é isso que nos permite reunir um bom elenco», explicou ao Destak Paulo Branco, o director do Estoril Film Festival. Na véspera do evento que começa hoje, a azáfama era muita no Centro de Congressos do Estoril, «para que tudo corra como planeado e existam poucos improvisos». O mais maleável é a presença das estrelas. O francês Vincent Cassel cancelou a vinda «por imposição da sua distribuidora», mas «é possível que amanhã [hoje] o Bernardo [Bertolucci] apareça», revela Paulo Branco.
O experiente produtor espera ainda «poder mostrar artistas-surpresa durante o festival, como aconteceu o ano passado [com Lynch]». Para além dos encontros com o público, sessões de leitura, workshops com os protagonistas e exposições (este ano há as «fotos incríveis de Luis Buñuel e os retratos entusiasmantes de Marie-François Banier», diz o responsável do evento), há os filmes.
A homenagem a Bernardo Bertolucci abre o festival esta noite, devendo contar com a presença do próprio e do seu elenco mais famoso, Michael Pitt e Louis Garrel. Há depois as homenagens ao imaginativo Tim Burton (Branco não esclarece se irá aparecer) e ao falecido Paul Newman (na sua vertente como realizador).
Fora de competição serão exibidos em antestreia nacional os mais recentes filmes Woody Allen, Vicky Cristina Barcelona, Werner Schroeter, Nuit de Chien, David Mamet, Redbelt, Agnés Varda, Les Plages d’Agnés, entre outros.
O experiente e intenso realizador Jean-François Richet, irá estrear mundialmente o segundo episódio da saga Mesrine,este sábado às 22h. Há depois em competição 14 filmes, onde se destaca o único português, 4 Copas, de Manuel Mozos. Não irá faltar a magia da luz do projector na tela branca nem um convívio único com mestres do cinema mundial e das artes.


FICHA
Estoril Film Festival
Onde Centro de Congressos; Casino Estoril; Teatro Mirita Casimiro
Quando Entre esta sexta-feira e 22 de Novembro
O quê Filmes europeus (em competição), de todo o mundo, fora de competição; workshops; encontros com actores; exposições.
Programa www.estorilfilmfestival08.com

---


Entrevista a Paulo Branco



O stress aumenta muito na véspera do filmes?
Não é bem stress, é mais preocupação para que tudo corra como planeado, que exista o mínimo possível de improviso, que acaba por existir sempre quando se organiza um festival destes com os meios pequenos. Dependemos imenso da boa vontade de muitas pessoas, por isso é coordenar tudo. Há pessoas que deixam de poder vir e outras que finalmente se disponibilizaram. Saber se os filmes que cá estavam estão correctos, se não há enganos. A parte burocrática, das acreditações, venda de bilhetes. Receber os convidados para que se sintam confortáveis, que não lhes falta nada. É nestes dias mesmo antes do festival que nós nos preparamos para as eventualidades que possam existir. É evidente que há sempre o imponderável e as complicações.

O ano passado foi o ano zero?
Este para nós é que é a primeira edição, porque já tivemos mais tempo, o outro foi preparado num espaço de tempo muito curto. É um programa muito mais ambicioso e que reflecte muito mais aquilo que pretendemos que este festival seja. Temos grandes nomes da cultura e do cinema, períodos de reflexão e grandes filmes.
Uma das coisas que estou mais orgulhoso é a exposição que temos este ano, que tem uma dimensão considerável, com as fotografias de Marie-François Banier e as fotografias inéditas do Luis Buñuel. Temos um júri que me orgulho de cá estarem todos e temos filmes em competição que não sendo conhecidos, são surpreendentes e acredito que vai agradar ao público.

Foi difícil de reunir este elenco de júri e de estrelas?
É difícil no sentido que têm de estar disponíveis. São pessoas que têm compromissos que os impedem de dispor assim de 10 dias. Por exemplo o arquitecto Miguel Barceló esteve cá o ano passado e para a semana vai inaugurar a célebre cúpula da ONU em Genebra e quando cá passou ia num instante a Genebra dar uns retoques.

Como surge o tipo de convites, como por exemplo ao prémio Nobel da literatura e, 2003 JM Coetzee?
O Coetzee não o conhecia, como acontece com outros. Enviei um convite através do agente e ele respondeu logo muito amavelmente, porque tinha ouvido falar do festival através do autor seu amigo Don DeLill e depois é uma espécie de cumplicidade já que falam uns com os outros. Depois quando lhe disse que se poderia encontrar com a Catherine Deneuve ficou muito contente. O Paul Auster também o aconselhou a vir. Uns nomes chamam os outros e é isso que nos permite reunir um bom elenco. É uma teia de conhecimentos e admirações mútuas, que existe entre eles. Há sempre surpresas, porque há última da hora muitos podem não conseguir vir mas outros ainda é incerto. O Bertolucci é muito possível que venha para se juntar ao Michael Pitt e ao Louis Garrell. A Eva Green [outro elemento do filme Sonhadores] está neste momento no Japão, por razões profissionais. O Gerard Depardieu também era para vir mas devido ao grande drama que lhe aconteceu [morte do filho] foi descansar para a Austrália.

Acha que pode haver surpresas durante o festival?
Eu espero que sim, o ano passado houve uma grande surpresa guardada para o final, nos descontos do jogo [Lynch], e este ano também é possível. Custa-me avançar nomes porque depois podem não vir. Foi o que aconteceu ao Vincent Cassell, que tinha tudo marcado para vir mas a distribuidora do novo filme dele em França não o deixou à última da hora por compromissos contratuais. Com imensa pena dele, que gosta imenso de Portugal. São coisas de acontecem.
Mas ter cá o Stephen Frears, o Coetzee, o Bernardo [Bertolucci], Agnés Varda, Valeria Bruni-Tedeschi, este júri, Michael Pitt, Mathieu Amalric – que é uma personagem muito peculiar como realizador e actor, que começou como estagiário do João César Monteiro em França (risos) –, é de satisfação.

Em Portugal não é normal um festival ter tantas estrelas juntas… normalmente há no máximo uma estrela estrangeira…
E conseguem uma estrela com cachets que aqui não acontecem. Se pagássemos grandes cachets tornava o festival impossível. As pessoas têm que vir porque lhes apetece vir e se sentem bem. Penso que o ano passado foi possível a essa cumplicidade e confiança que se estabeleceram nestes 30 anos de trabalho e de cinema. Estou ainda há espera que o John [Malkovich] venha numa próxima oportunidade porque tem uma peça a estrear no final do mês no México, calhou mesmo mal.
O Stephen Frears o ano passado não podia, este ano vem. Se o festival tiver continuidade pouco a pouco consolidamos o projecto. Que seja um encontro em que o público disfrute com estas pessoas que são grandes artistas mas ao mesmo tempo pessoas muito simples e iguais a todos nós. É isso que é interessante.

Fala-se que este é uma espécie de Cannes português, pela visibilidade que começa a ter…
Eu não queria categorizá-lo. Cannes demorou 30 anos a afirmar-se como grande festival mundial, a seguir há três ou quatro grandes festivais onde os filmes importantes querem estar presentes. Como Veneza, Berlim e San Sebastian também tem crescido bastante. Toronto é mais um mercado, onde é mais um festival industrial. Depois há imensos pequenos festivais, há 600 ou 1000… Tentamos encontrar o nosso espaço particular. Não queremos ser o Estoril e que o Estoril seja um nome que ao longo dos anos vá construindo uma reputação para quem quer ver bom cinema e reflectir onde se encontra o cinema, problemas e o seu fascínio… é isso que queremos acompanhar. É isso que eu gostaria que o Estoril fosse. A minha concepção de um festival é que tenha uma categoria própria.

A nível de programação, quais os critérios?
Por um lado queremos mostrar o que de melhor há na produção europeia, com os filmes que o comité vê durante o ano. Alguns filmes já passaram noutros festivais mas não em competição. Não queremos repetir na nossa competição filmes que tenham estado em grandes festivais para dar uma chance a outros filmes que são igualmente bons ou melhores. E passar fora de competição o que de melhor se produziu no mundo. E aí é possível ver em antestreia grandes filmes. Temos a sorte uma antestreia mundial, que é o segundo capítulo de Mesrine: L’enemie public nº 1, de Jean-François Richet. Uma das maiores produções europeias e é um realizador extremamente curioso que já trabalhou nos Estados Unidos e tem uma visão muito particular.

O próximo ano já está garantido?
Para já vamos garantir este ano. E vamos ver se conseguimos estar cá para o ano, isso também depende da confiança do Dr. António Capucho e da Câmara de Cascais e será ele que pode tirar as ilações e ver se a aposta é para solidificar.





Comments: Enviar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?