quinta-feira, abril 10, 2008
A Ler :: Francis Ford Coppola
"Fiz Uma Segunda Juventude aos 68 anos como se fosse um estudante de cinema, com o entusiasmo de um adolescente que realiza um primeiro pequeno filme"
Entrevista com Francis Ford Coppola, realizador
in DN, por MANUELA PAIXÃO, em Roma
Após mais de dez anos de ausência do cinema, em que se tornou produtor de um dos melhores vinhos do mundo e explorou refúgios turísticos luxuosos no Belize e na Guatemala, voltou ao seu primeiro grande amor com Uma Segunda Juventude. Como foi este regresso?
Pela primeira vez, um filme meu foi financiado com o meu próprio dinheiro, coisa que não tinha conseguido fazer quando era mais jovem, porque estava mais interessado no sucesso, que obtive imediatamente. Cedo demais. Fiz Uma Segunda Juventude aos 68 anos como se fosse um estudante de cinema, com o entusiasmo de um adolescente que realiza um primeiro pequeno filme.
Tinha saudades do cinema, de filmar?
Apesar de não fazer um filme há dez anos, não tinha nenhuma vontade de voltar a trabalhar no actual sistema cinematográfico. Tinha saudades de filmar, é claro, mas queria fazer filmes mais originais. Mas tive a sorte de alcançar sucesso como homem de negócios nas áreas enológica e turística, consegui investir 15 milhões de dólares em Uma Segunda Juventude e fazer o filme que queria, como queria.
O filme parece ir ser uma história de espiões tradicional, combinada com uma aventura mágica, sobrenatural. Mas depois, começa a tratar de assuntos complexos. Continua a ser seu, do realizador dos Padrinhos e de Apocalypse Now, este cinema que explora os conceitos filosóficos do tempo e da consciência?
Não quero fazer mais filmes na linha dos Padrinhos, nem dos facilmente comercializáveis como Homem-Aranha. Fiz o filme que queria. Não espero o entusiasmo imediato do público, prefiro que a opinião dos espectadores sobre Uma Segunda Juventude seja feita pouco a pouco, que amadureça. Penso que certos filmes - e este é um deles - deveriam ser exibidos gratuitamente para poderem entrar na consciência das pessoas, coisa que normalmente o cinema não faz.
Tal como aconteceu com Apocalypse Now?
Sim. Apocalypse Now provocou logo clamor e polémica , mas não foi imediatamente apreciado. Levou tempo.
Uma Segunda Juventude é feito à revelia das tendências da actual produção cinematográfica?
Creio que, actualmente, é necessário perguntarmo-nos se o cinema se deverá limitar a ser apenas um espectáculo, ou se podemos usá-lo para perseguir outros objectivos artísticos. Por outras palavras, se o cinema poderá estar ao mesmo nível da literatura, por exemplo.
(...)
Encara Uma Segunda Juventude, de alguma forma, como um regresso ao tipo de cinema que fazia quando começou a filmar?
Estreei-me em Hollywood como argumentista com Patton, em 1970, que me abriu as portas do cinema. Quando era jovem sonhava em fazer um cinema como o dos grandes realizadores europeus, que todos nós, americanos, admirávamos tanto nos anos 50 e 60: Fellini, Antonioni, Rossellini e Truffaut, ou ainda Akira Kurosawa. Mas tive muito sucesso com O Padrinho e O Padrinho II, quando ainda estava na casa dos 30. Os meus filmes de "adulto" foram realizados quando eu era ainda imaturo. E agora que tenho uma certa idade, quero fazer filmes jovens, ou seja, independentes, desinibidos, originais.
--- versão completa in DN
Sofia Coppola em Portugal
O meu amigo e blogger Rui Pedro Vieira viu no final do ano passado a realizadora e filha de Coppola, Sofia, no aeroporto de Lisboa (pelos vistos terá estado de férias in cognito pelo nosso país). Eles andam por aí, camuflados, mas por cá. Quem sabe um dia Sofia não faz um Lost in Translation em Lisboa, Porto, Albufeira ou mesmo Caldas da Rainha...
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