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terça-feira, abril 17, 2007

Império dos Sentidos 


INLAND EMPIRE

David Lynch ao rubro
Pode-se dizer mal dele, bemzito, assim-assim, ou até que é um génio. David Lynch dá que falar, mesmo que o seu cinema não siga tudo aquilo que as escolas de cinema ensinam, nem tudo aquilo que as receitas para sucessos de bilheteira determinam. Lynch é Lynch.

Tal como dizemos que estivemos na presença de um Picasso, quando vemos um filme de Lynch é legitímo, do ponto de vista deste leitor, dizer: é um Lynch, definitivamente. Depois do sucesso estrondoso com Mulholland Drive, INLAND EMPIRE, leva-nos para um universo não só mais confuso e, de certa forma, abstrato, como mais difícil de assimilar.

Depois de ler críticas muito desfavoráveis ao filme, ia com a certeza de ver uma massa amorfa e sem ânimo, nem sentido. Puro engano. São três horas que, sem serem fáceis, nem o pretenderem ser, mantém o espectador intrigado, em busca de sentidos, que parecem sempre existir - e esse, para mim, é o grande trunfo do filme, que se mantém vivo. Parece estar ali uma lógica perversa que nos escapa quase sempre e que é propositada para que nos escape. Sempre que pensamos que estamos mais perto do verdadeiro significado, o filme dá uma nova volta, aparece uma cena que parece cair de "pára-quedas".

Mesmo não existindo significados contínuos claros, o desafio é estar sempre a buscar desse significado: como num labirinto onde nos sentimos perdidos, mas a nossa intuição nos parece guiar por uma saída. Aqui, parece que estamos quase a chegar à saída, mas afinal não chegámos, ou teremos chegado? Só se for em parte.

Lynch, na sua mais recente obra, consegue manter o espectador, que se quer dar ao trabalho, sempre intrigado (existe uma certa provocação com o espectador) com as constantes voltas e reviravoltas que o argumento dá... Lá que é difícil de se ver, é - bem mais fácil do que ver um filme de Pedro Costa. Será que existe sentido em tudo aquilo? Dificilmente, mas que vale a pena, disso não tenho dúvidas (com a ressalva de que só conseguiria ver este filme numa sala de cinema e com um estado de espirito aberto).



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