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segunda-feira, fevereiro 19, 2007

A Primeira Vez 

Rever um filme quase nunca consegue ter o mesmo impacto que teve em nós quando o vimos pela primeira vez. Tal como qualquer experiência de vida, um filme pode transmitir emoções, sentimentos e vivências que mexem connosco. Mystic River, do cada vez mais apurado e estimulante (cinematograficamente) Clint Eastwood, é daqueles filmes que figuram sempre na lista daqueles que me perturbaram, cativaram e deslumbraram. Só o vi quando estreou, em 2003. Desde então passaram-se quase quatro anos e, esta noite, revi-o graças à RTP1, que o passou a horários decentes - logo a seguir a um episódio muito bom dos Gato Fedorento.
Com o tempo não me lembrava propriamente de como terminava o filme e, à medida que o estava a ver, fiz um esforço por não me lembrar, para seguir a cadência inicial do filme, a forma como se desnovela o novelo em que está embrulhada, e chega até um destino tão doloroso e trágico, quanto brutal e crú. Foi uma sensação muito próxima de ver o filme pela primeira vez, e isso tem um encanto especial. Deu para recordar o que senti na primeira vez que o vi e sentir quase o mesmo novamente. Talvez por isso, valha a pena rever filmes tão bons quanto Mystic River.
Não é necessário rever com muita frequência - bem pelo contrário -, embora existem filmes fetiches, talvez de outros géneros que se revêem muito...
Mystic River consegue misturar sentimentos relativamente às personagens bem diferentes ao longo do filme. Sean Penn, que faz de Jimmy Markum é o caso mais óbvio. Dói ver este pai perder a sua filha de forma tão brutal, dói ver a dor que ele tem e demonstra, a raiva que lhe vai na alma. Mas acabamos por ver nele alguém que tem um passado de vinganças brutais e até cruéis e, para o final, um homem aparentemente sem remorsos de se ter deixado cegar pela vingança, ao ponto de se vingar do homem errado... Mas a personagem que mais surpresa negativa cria ainda é a da mulher de Jimmy, Annabeth (interpretada por Laura Linney), a forma como fala e reage ao que se passou é de uma protecção familiar manhosa, vil, megalómana e revoltante (para mim, pelo menos).






É curioso como os filmes que mais me dizem algo, são aqueles que se passam num local específico, muito específico. Mystic River é num pequeno bairro de Boston, entre aquela comunidade pequena em particular, Babel é em três zonas do globo, mas com histórias muito particulares e centradas naquelas pessoas. Assim como Magnolia, Cartas de Iwo Jima - no general e no jovem "arrancado" dos braços da mulher para ir para a guerra -, Little Miss Sunshine. En fim.

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