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terça-feira, fevereiro 21, 2006

Good Night and Good Luck 


Boa noite, e Boa sorte.
Notas minhas após ver o filme:

- A realização de George Clooney é totalmente imbuída no espírito de investigação de que a história do filme de refere.
- O filme está repleto de imagens intensas vindas dos arquivos da CBS que contam, melhor do que ninguém este conflito que coloca em pé de igualdade dois pólos. O dos políticos extremistas e os dos jornalistas em busca da exporem, contra os interesses instalados, aquilo que vai contra os princípios da nação. Aqui acompanhamos, essencialmente, o percurso da equipa de Murrow, a paixão pelo que faziam mesmo rumando contra a maré.


- A interpretação de Strathaim é fabulosa. Ele consegue encarnar com aparente facilidade um comunicador nato, que fala para a câmara com grande sinceridade e profissionalismo jornalístico, sempre na busca de uma informação imparcial.
Nos anos 50, em que se passa esta história, o jornalismo tinha os mesmos princípios que são ensinados nas escolas de jornalismo actualmente, a maior diferença era no modo televisivo de se fazer televisão. Murrow falava sentado numa secretária, com a câmara muito próxima, e com um ambiente de redacção à volta.


Criava-se uma atmosfera muito familiar. Tinha como característica fumar e falar, descontraidamente mas de forma muito rigorosa para os espectadores. Foi essa génese que Strathaim conseguiu captar com facilidade.
- O facto do filme ser integralmente a preto e branco pode assustar quem não gosta do estilo, de qualquer forma acaba por ser um trunfo já que justifica-se e passados alguns minutos já não nos apercebemos do preto e branco, já que era assim a televisão no tempo retratado e isto é um filme sobre essa mesma televisão. Existe, assim, uma significância na falta de cor, que transmite também um maior encanto às personagens.
- Clooney aparece no filme como o produtor Fred Friendly, que monta o programa com Murrow, mas rejeita sempre o protagonismo, o que é favorável ao filme, e cumpre como secundário de respeito.


- O Senador McCarthy nunca é personagem, já que não é interpretado por ninguém. É o próprio que aparece e as imagens retiradas dele durante o período mencionado. Por isso mesmo, apesar de não existir nenhuma cena com McCarthy e Murrow, juntos, sente-se a presença e o medo de McCarthy ao longo de grande parte do filme. McCarthy é aqui o alvo e responde por intermédio das respostas televisivas gravadas nos anos 50.
Aliás, um dos assuntos do filme é mesmo o medo. O medo criado pela “caça” aos comunistas liderada pelo senador Júnior Joseph McCarthy, presidente do Senado das Actividades Anti-Americanas. No fundo, o medo que se sentiu na altura relacionado com as suspeitas de comunismo, não é muito diferente do medo sentido hoje com o terrorismo. Existe essa analogia possível que parece estar implícita no filme de Clooney – que também escreveu o argumento.
Clooney pegou numa época contraditória da história dos Estados Unidos e, graças à determinação de jornalistas, fez ver como foi possível lutar contra as agressões do Estado aos seus cidadãos. Terá isto alguma repercussão e semelhança com a actualidade norte-americana? Talvez.
Está aqui em discussão o papel do jornalismo na sociedade. E que bom que é o jornalismo apresentado de Murrow.

- Falar desta história que é agora conhecida no cinema pela mão do cada vez mais político (no cinema), George Clooney, é recordar também outras histórias que souberam colocar no cinema o jornalismo de investigação contra os interesses instalados, como foi o caso do filme O Informador (de Michael Mann, em 1999), em que um produtor da CBS (Al Pacino), do programa, 60 minutes, procura expor os malefícios do tabaco que as tabaqueiras esconderam de modos ilícitos. Tudo isto ao convencer um ex-funcionário a dar uma entrevista polémica, um papel que valeu a Russell Crowe o Óscar de melhor actor – quando ele era ainda pouco conhecido em Hollywood.


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