segunda-feira, janeiro 23, 2006
Perceber Sundance
Festival Sundance "mais independente do que nunca"
Foi há 25 anos que Robert Redford fundou o Sundance Institute, com a missão de dar visibilidade ao cinema americano independente, ou, dito de outro modo, para "encorajar artistas individuais a contarem as suas histórias à sua maneira".
Num ano em que produções independentes, com orçamentos abaixo dos 30 milhões de dólares, como Brokeback Mountain, Capote ou Good Night, and Good Luck, estão a dominar a época de prémios do cinema americano, o voluntarismo de Redford salda-se num êxito estrondoso: o chamado "cinema independente" nunca terá sido tão comercializável, ao ponto de até os grandes estúdios apostarem em subsidiárias especializadas em produções indie; e o número de candidaturas ao Festival de Cinema de Sundance atingiu este ano um novo pico - 3148 longas-metragens, mais meio milhar do que em 2005.
As vozes cínicas - ou realistas - dirão que, algures pelo caminho, o verdadeiro espírito independente se perdeu e que o termo indie é hoje, sobretudo, uma marca atribuída a filmes que nem sempre conseguem disfarçar os sinais de uma rotina.
Talvez por isso, Geoffrey Gilmore, o director do Festival de Cinema de Sundance, define a edição deste ano, que começou ontem à noite em Park City, no Utah, como "mais independente do que nunca". E a verdade é que o festival, que vai na 22ª edição, continua a apostar na descoberta: nas secções competitivas de ficção e documentário são raros os nomes de realizadores conhecidos. Entre esses raros conta-se o espanhol Fernando Leon de Aranoa, realizador de Segundas ao Sol (2002), que concorre com Princesas na competição de longas-metragens de ficção de cinemas do mundo (Sundance tem, desde o ano passado, secções competitivas dedicadas ao world cinema). Ou o britânico Julien Temple, um veterano dos videoclips tornado realizador de documentários musicais, que está na competição de documentários do mundo, com Glastonbury, sobre um dos mais importantes festivais de música pop do Reino Unido.
Noutras secções (não-competitivas), destaque para Art School Confidential, nova cumplicidade entre Terry Zwigoff e Daniel Clowes (a dupla de Ghost World), ou o filme-concerto que Jonathan Demme fez sobre Neil Young, Heart of Gold, ou ainda o documentário Leonard Cohen: I"m Your Man, de Lian Lunson, metade concerto, metade biopic sobre o cantor-compositor-poeta canadiano.
in Publico
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