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quinta-feira, janeiro 26, 2006

The Libertine 


Excessos, escandâlos e Depp
O Libertino. Uma interpretação fantástica de Johnny Depp dá corpo e alma a um dos maiores rebeldes da história da literatura, John Wilmot.

Quem é Wilmot? «Ao contrário de Marquês de Sade, que foi um rebelde cuja memória sobreviveu com força até aos dias de hoje, Wilmot ficou no esquecimento, injustamente», afirmou recentemente Johnny Depp numa entrevista.
Este é mais um filme de época a estrear em Portugal, depois de Orgulho e Preconceito – alguns dos actores são os mesmos –, desta feita para dar a conhecer o inigualável Johnny Wilmot, que inspirou vários artistas ao longo de décadas. Um escritor/poeta alcoólico e devasso, nobre (foi o segundo Conde de Rochester) e desajustado da sociedade que tanto procurou chocar e com que tinha uma relação a amor/ódio. Wilmot viveu numa época conturbada para a monarquia inglesa, na Londres de 1660, e foi o escritor preferido do Rei Carlos II (John Malkovich).


John Malkovich foi o principal obreiro para que esta história conhece-se a luz do cinema, certificando-se que o nome de Wilmot voltava à ribalda. A actor produziu o filme e interpretou o Rei humilhado (com um nariz falso), que já tinha feito na peça de teatro respectiva, o resultado é intenso.
Assim como personalidades recentes como Jim Morrison, Wilmot quis ir aos limites de si e da sua sociedade, interessava-se pelos que o tentavam enganar, gostava de humilhar o Rei – existem poemas a gozar com o rei deliciosos! –, acima de tudo, explorar o inexplorado.
Durante a história o escritor envolve-se criativamente e sentimentalmente com Elizabeth Barry (Samantha Morton), uma actriz que se torna protegida e conhece o sucesso. Este é um biópico, por isso vemos o escritor a morrer ainda novo, de sifílis, numa despedida triunfal e ao mesmo tempo de desilusão para consigo mesmo – a conhecer no filme.

Depp emociona com esta personagem que irradia, sensualidade, mistério, eloquência, rebeldia e fúria – ou não tivesse sido ele o “menino rebelde” de Hollywood. O momento mais apetecível é mesmo o prólogo que Depp faz à história de Wilmot, olhando para o espectador, como que se o poeta estivesse a convidar o público, num monólogo, para entrar na sua vida/mente. «Vocês não irão gostar de mim», promete Wilmot no prólogo inicial, no final pergunta em tom irónico: «Gostaram de mim?» A resposta, que pode ser ambígua, cabe a cada um dos espectadores.
CLASSIFICAÇÃO: 4/5 * * * *
De: Laurence Dunmore
Com: Johnny Depp, John Malkovich, Samantha Morton
Género: Drama
Reino Unido, 2004
110 minutos
www.thelibertine-movie.com
Ficha IMDb

Rosamund Pike é a mulher de Wilmot Elizabeth Malet. A actriz já tinha feito de irmã e melhor amiga de Keira Knightley em Orgulho e Preconceito. Kelly Reilly é outra actriz a entrar neste filme, depois de passar pelo Orgulho e Preconceito - ela é a Wendy de A Residência Espanhola.

Samantha Morton é a actriz vaiada que Wilmot ajuda, perante a sua resistência. «Vais ser a melhor actriz de Londres», diz-lhe Wilmot - e ela foi mesmo...


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