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sexta-feira, maio 20, 2005

A Vingança dos Sith 


Afirmação do lado negro no fim de uma era
Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith. A conclusão da saga épica de ficção científica mais memorável na história do cinema oferece-nos uma experiência espectacular bem mais “negra” e muito mais convincente do que os dois episódios anteriores. Lucas termina a saga a mostrar-nos o "meio" com o triunfo do lado negro da Força e a transformação de Anakin Skywalker na personagem assustadora, Darth Vader. Bem-vindos ao lado negro da força

João Tomé

Uma saga como a de Star Wars não só marca a história do cinema como algumas gerações de público das salas da tela “mágica”. 28 anos depois da estreia, pouco exuberante e que passou despercebida, do episódio IV da saga (1977), o mito da Guerra das Estrelas é agora um dos mais conhecidos no mundo, seguido como exemplo e com direito a todo o tipo de produtos comerciais e referências constantes nos órgãos de comunicação social.
A verdade é que apesar dos êxitos comerciais dos dois episódios anteriores, o I e II, a história não foi convincente e desiludiu os fãs dos três episódios iniciais. «A Guerra das Estrelas tem duas bases de fãs. A mais velha é fiel à primeira trilogia e não gostaram dos dois primeiros [da segunda trilogia], que são adorados de forma fanática pelos mais novos», disse em Cannes o realizador. Apesar do binómio de gostos Lucas redimiu-se agora relativamente ao carácter excessivamente ligeiro e banal dos episódios I e II.

A Vingança dos Sith tem uma história dramática intensa e convincente, uma mutação interessante nas personagens e, apesar de se falar que constituiu um «banho de sangue», não peca por exagero e mostra o que tem que mostrar. Os efeitos especiais dão-nos a sensação de estarmos a viver bem de perto os acontecimentos, as lutas entre as naves em pleno espaço têm planos mais aproximados e são uma experiência por si só.

O lado negativo no filme não é, de modo algum, o retratar do lado negro da força a crescer em Anakin Skywalker e a posterior vingança dos poderosos Sith – isso acaba por ser um elemento “apetitoso” –, é sim a brevidade com que se passa por alguns elementos intensos do enredo e alguns aspectos concretos do argumento menos bem conseguidos.

No fim deste ciclo da história do cinema, o realizador já admitiu não fazer mais episódios, somos levados para o aumento da desconfiança entre o Chanceler Palpatine e o Conselho Jedi já depois de Obi Wan e Anakin terem salvo o Chanceler das garras do exército de robôs. À medida que a desconfiança cresce, Anakin irá ser seduzido para o Lado Negro da Força, à semelhança do que aconteceu mais tarde na história, no filme o Império Contra-Ataca (episódio V), com o seu filho Luke Skywalker – que aqui vemos nascer. É a ambição desmedida e as promessas de poder do Lado Negro da Força que o vão fazer aliar-se ao poderoso Darth Sidious eliminando os Jedis num momento crítico da história.

Outro dos momentos aliciantes é a luta intensa entre o mestre e “o escolhido” (Obi Wan e Anakin). É uma luta de sabres ao melhor estilo da Guerra das Estrelas inicial: épica, emotiva e que acaba por terminar em tragédia sanguinária. É depois disso que vemos Anakin transformar-se definitivamente no Darth Vader, símbolo do poder negro, dos filmes seguintes. Mesmo no final ainda assistimos ao nascimento de Luke e Leia, personagens centrais nos três últimos episódios pela ordem normal. E há decisão que levou aos dois irmãos serem separados à nascença. Todos estes pormenores já nos tinham sido contados nos três primeiros filmes da saga (IV, V e VI) e Lucas seguiu à risca os factos permitindo também criar outros motivos de interesse.

Neste poderoso filme já se sabe o que acontece, resta ver como acontece. Não é tão negro como se ouviu falar, mas é bem mais intenso do que os anteriores. Surgem-nos personagens que já conhecíamos dos episódios IV, V e VI como CP3O, R2D2, Chewbacca. Mas aparecem todas de uma forma extremamente secundária, quem ainda intervém mais é R2D2.

O conteúdo dramático intenso e psicologicamente confuso que George Lucas incute neste elo de ligação entre o futuro da história (que curiosamente vimos no passado) e o passado – os dois últimos episódios elaborados – tornam esta “peça” que faltava cativante e mais perto do registo que tornou célebre a saga.
É um fim memorável num filme que cativa mas poderia interessar mais. Talvez não se tenham corrido outros tipos de risco para contar melhor a história, com o receio de não ser comercial o suficiente... A Força acabou, mas permanecerá na memória daqueles que a quiserem recordar.

De: George Lucas
Com: Ewan McGregor, Hayden Christensen, Natalie Portman, Samuel L. Jackson
Origem: EUA, 2005
Duração: 140 minutos
www.starwars.com



Lord Darth Vader, senhor do lado negro
Respiração metálica por trás de uma máscara negra e de linhas assustadoras. Um fato e uma capa como um qualquer príncipe das trevas. Darth Vader nasce para a vida do lado negro neste episódio.
A personagem assustadora desenvolve-se ao longo do filme, mas ao contrário do que se pensava, só aparece na forma e com a voz que o tornou célebre mesmo no final do filme. Tal como no primeiro episódio elaborado por George Lucas, o IV da saga, voltamos a vislumbrar, ainda que por breves minutos, um Darth Vader imponente e impiedoso que guarda rancores e ambição desmedida.
É, aliás, a ambição sem limites que afasta o jovem “escolhido” Anakin para o lado mais negro da força. [SPOILERS] A ajudá-lo, persuadi-lo e manipulá-lo está outra personagem que finalmente se revela, o imperador Palpatine – que acaba por voltar a assumir a figura que aparece no episódio VI, o Regresso do Jedi, o último pela ordem da história da saga. «Junta-te ao lado negro e terás poderes ilimitados, poderemos governar a galáxia», diz o senador Palpatine a um Anakin em transformação. Outro dos argumentos mais influentes do Chanceller é concencer Anakin que com o lado negro poderá ressuscitar a sua mulher Padmé, visto que o jovem Jedi sonhou com a sua morte no parto. São misturas de vários sentimentos que poderemos encontrar na transformação principal da história.

ERRO. A legendagem e tradução do filme têm erros grosseiros como chamar a R2: Artoo. Ou chamar a C3PO de: Treepeo. Convém ser alguém com algum conhecimento dos filmes anteriores a fazer a tradução.


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