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segunda-feira, maio 30, 2005

Margarida Gil 



Título original: Adriana
Realização: Margarida Gil
Intérpretes: Ana Moreira, Vitor Correia, Bruno Bravo, Isabel Ruth, José Airosa, Raul Resendes, Carla Maciel, Paula Só
Portugal, 2004
Estreou: 26 de Maio de 2005
www.atalantafilmes.pt/2005/adriana/

[Aqui está o novo filme da minha ex-professora Margarida Gil.]
> Uma ilha mítica no arquipélago dos Açores onde se instalou o luto, um homem decreta que nunca mais haverá sexo nem filhos...

A ilha vai ficando deserta e ele, abastado patriarca, decide enviar a sua filha, Adriana, para o continente “constituir família por métodos naturais”. Vamos acompanhar as aventuras de Adriana à procura de um homem que a faça procriar um filho e assim garantir a descendência na ilha.

Depois de «O Anjo da Guarda» (1999), a realizadora Margarida Gil, apresenta-nos com «Adriana», nas suas palavras, um "verdadeiro road-movie, odisseia sexual e photomaton do Portugal de hoje com as suas múltiplas vozes, cores, pronúncias, cantos, classes e trabalhos", "um exercício de ironia, benevolente mas por vezes cruel sobre o Portugal de hoje, com as suas muitas e variadas vozes".

«Adriana» foi exibido na última edição do Festival IndieLisboa e foi premiado com o Prémio Tóbis para Melhor Filme Português.

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BIZARRA MISSÃO DE UMA MULHER À PROCURA DE HOMEM FÉRTIL
A história começa em jeito de novela rural, com a protagonista Adriana (Ana Moreira) a crescer numa ilha imaginária dos Açores onde é proibido o contacto sexual entre os habitantes. À medida que o tempo passa, a população teme a extinção e o pai de Adriana incumbe-a de uma missão que, para os dias de hoje, soa a pitoresca: a jovem tem de viajar até ao continente para "constituir família por métodos naturais".
As premissas de Adriana, o sexto trabalho para cinema de Margarida Gil e única longa-metragem portuguesa presente no IndieLisboa, transportam o espectador para o paraíso natural do arquipélago açoriano (filmado com engenho pela realizadora), feito de tradições e de sotaques cerrados. Contudo, não deixa antever o que se vai passar de seguida, a partir do momento em que a protagonista aterra no Aeroporto de Lisboa: Adriana chega ao "País das Maravilhas", à grande cidade, e, com a mudança, o filme avança para o registo da comédia urbana e desconexa.
Depois de ser assaltada antes de chegar ao seu destino, a jovem é acolhida por uma estranha senhora que fuma cachimbo, Estela (Isabel Ruth), e pelo seu filho Saturnino (Bruno Paiva), um travesti que lhe vai mostrar a diversão nocturna da cidade. Entre o humor non-sense e o melodrama com leves traços "almodovarianos" (em que nem sequer faltam as doses habituais de androginia sentimental), Adriana vai perdendo a inocência e desprendendo-se da sua "missão".
Presente na sessão de antestreia, na segunda-feira, Margarida Gil elogiou o "espírito inovador" e arrojado do IndieLisboa, adjectivos que, a seu ver, se podiam aplicar à estrutura dramática de Adriana. A obra recebeu, em mais do que uma ocasião, aplausos do público e a reacção é fácil de explicar: além de conter momentos genuinamente cómicos (como os protagonizados pela arara vermelha Lola, que fala de mais), ADRIANA surpreende pela forma como contraria o sentido de dispersão que caracteriza alguma cinematografia nacional. A protagonista chega a andar à deriva, nas ruas apertadas do Bairro Alto ou junto ao Cais do Sodré, mas existe sempre um elo de cumplicidade com o espectador. Destaque para o desempenho de Ana Moreira na pele de uma jovem provinciana.
Rui Pedro Vieira, in DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 27.04.2005

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