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sábado, maio 14, 2005

ghosts troubled the child's young shell mind 


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O mundo do cinema é assim, tem a capacidade de incutir no nosso "espiríto", nas nossas mentes, determinados medos e reflexos relacionados com o que vimos.
Um filme da categoria de horror, thriller intenso ou terror tem, de certa forma, essa missão. Abalar-nos um pouco. Fazer a adrenalina subir como se de um desporto radical se tratasse. Há quem adore e sinta quase dependência deste tipo de adrenalina baseada em filmes de horror. É um género que me fascina por várias razões. Porque o cinema não tem de ser sempre agradável, ou simplesmente interessante e intenso, pode também demonstrar um carácter mais incisivo usando e abusando dos nossos medos, das nossas incertezas com o que desconhecemos desde os primórdios dos tempos, mas que sempre acreditámos ter algo de sobrenatural, mesmo quando pensávamos que não acreditávamos.
A morte, os ferimentos, o sofrimento mais agonizante e o sobrenatural são assuntos predilectos do horror. E há que dizê-lo: é receita garantida de adrenalina do medo!! Isto quando é bem feito, claro. O cinema de horror é também uma arte. Permite ao realizador jogar com o espectador. Até é mais brincar. Estamos nas mãos dele. A música tem um papel fulcral, sabemos que vai acontecer alguma coisa. Num filme mal feito, é de tal forma previsível, "batido" (clichés) e "desensaborado" que não nos causa nenhum tipo de reacção abrupta. Mas quando é bem feita e o tema é bem forte pode causar a tal adrenalina única e horripilante que nos pode acompanhar bem para além daqueles 101 minutos.
Quando me refiro a 101 minutos estou a ser específico. Falo do filme White Noise [em português deram-lhe o nome de Ruídos do Além].

Hoje é dia 13 de Maio, melhor ainda... sexta-feira. Um dia mitíco para muitos, para mim nunca teve qualquer significado. Aliás, só me lembrei que era este dia particular do ano quando sai da sala de cinema do Londres após ver um dos filmes mais assustadores e causadores de adrenalina "do medo" dos últimos tempos.
Há já alguns anos que não via um filme de horror (ou terror) tão intenso! Já tinha visto várias tentativas, mas muito frustradas, à que dizê-lo. A última tentativa frustrada é o filme The Jacket, com o "Oscar Winner" Adrien Brody e a bela Keira Knightley. O filme não é mau de todo, mas não resulta quando de se trata de assustar, nem mesmo como thriller - e está catalogado como thriller/horror. Não, não me parece. Já White Noise não tem um título exuberante, muito menos uma capa tão fantasmagórica como o The Jacket - de certeza com bem mais recursos -, mas conta com um esforçado Michael Keaton e com a bonita Deborah Kara Unger (que também aparece em A Love Song For Bobby Long - como namorada de Lawson, e por exemplo The Hurricane ou Payback). Nada de muito rebuscado. Um filme de horror, ou terror, conforme se queira chamar ao género de assustar tem de assentar, primeiro que tudo, numa boa base.

White Noise assenta na base de que os espirítos podem e querem comunicar connosco, mas não só não lhes é fácil comunicar, como não nos é fácil ouvir. Mas a parte mais intensa do filme está na forma como eles comunicam. As televisões ou gravadores.
A outra, é que a comunicação é mesmo crível... sente-se que se está a ouvir um morto, ou como julgariamos que poderia ser. É muito intenso, a voz rouca. Lá longe. É necessária atenção, como que para os ouvirmos eles têm de fazer um grande esforço. E nem todos falam, só conseguem falar quando existe algo em suspenso... falam por enigmas ou associações.

É um filme tão simples quanto assustador. Entrar numa sala de cinema neste tipo de situação ganha um outro significado. Claro, há as pessoas que detestam o género que assusta mesmo, ou porque não gostam do tipo de filme, ou porque não querem pensar muito em coisas que podem assustar. Pois eu digo... irmões, assustem-se! Estão vivos, mais vale também se assustarem às vezes no cinema.

Não pretendendo fazer uma recensão sobre a matéria [mas acabando por fazer na mesma], este filme tem a particularidade de utilizar algo não muito explorado no cinema de horror. A comunicação pela "chuva" estática da televisão. Para muitos, provavelmente isto não diz muito e pode não parecer propriamente assustador. Mas como o cinema também é vivido conforme as experiências pessoais de cada um - tal como na música - a comunicação de espiritos pela "chuva" da televisão, no meu caso, remonta à minha infância.
Não. Não tive uma visão... acho. Vi sim um filme que me marcou no que diz respeito à televisão e ao horror. Cheguei a pensar que o nome era Twilight Zone, mas penso que não terá sido.
Da histórica recordo-me de um quarto escuro. Uma televisão ligada em estática ("chuva") e espiritos a provocarem o caos na mente de um rapaz desprotegido. Foi assustador ver partes desse filme enquanto criança e recordo-me de ter pesadelos com isso durante algum tempo. Recordo-me do que era, nesses dias, olhar para a televisão com "chuva", especialmente à noite.
Mais tarde, já adolescente, ver um filme de terror de madrugada já trazia alguma adrenalina do medo, que assustava mas já não prejudicava, penso.
Um filme de terror coloca-nos sempre atentos, como nunca estivémos antes, ou como raramente estamos. Depois de o vermos, reparamos em todos os pormenores mais infímos, que nunca reparámos. E... claro, o escuro ganha um novo sentido. O escuro é outro dos ingredientes fundamentais para este tipo de filmes, mas não é o único. O escuro funciona do mesmo modo que o oculto, a morte, o sobrenatural, e, claro, as forças do mal. E estas forças do mal não são tão cordiais como Darth Vader, são mais ocultas, mais desconhecidas e, não assumindo uma forma concreta mantém o medo bem mais presente. Ingredientes não faltam para este tipo de filmes. E há já muito tempo que não via ninguém a juntá-los tão bem como vi hoje o realizador Geoffrey Sax e o argumentista Niall Johnson que não coloca uma pinga de sangue mas mete mais medo do que a maior parte dos filmes mais sangrentos que existem.

Outro dos pormenores mais pessoais relativamente ao White Noise, que vi hoje, dia 13 de Maio - sexta-feira - é que estou totalmente sozinho numa casa com cinco quartos. O meu quarto é o do meio da casa. Pior: esta noite a TVI passou um filme recente com o Ted Danson a falar exactamente de espiritos que comunicam com os vivos. O filme não é assustador, longe disso, mas a estas horas e depois de White Noise, dá para relembrar filme da manhã.
Há sempre o receio de sermos surpreendidos perto do escuro. O escuro - do qual eu não tinha qualquer receio há alguns anos - volta a ser local de respeito assustador. E não, eu supostamente não acredito nesse "Mambo-jambo", mas tenho respeito pelo "mundo" dos espirítos se é que ele existe... que mais não seja porque a minha sábia mãe me pediu há já muitos anos para nunca brincar com isso, porque ela conheceu pessoas que se deram muito mal... Apesar de ser um pouco do contra e ter curiosidade, sempre respeitei o pedido e ele sempre me fez pensar sobre o assunto.
Os espirítos andam aí??

IT'S THERE ANYBODY OUT THERE????????

Talvez. Responde o agnóstico à espera de uma resolução evidente.
O mundo do cinema é assim, não muito diferente da vida, ou não fosse ele um retrato da nossa vida ou imaginação, muito fértil e pronta para criar de deuses a diabos, passando por... espiritos.

O FILME. White Noise é sobre um homem bem colocado na vida, divorciado e com um filho, que voltou a casar. Depois da mulher morrer num acidente (?) ele começa a receber chamadas a meio da noite e mensagens primeiro com um barulho estranho e depois com a voz da esposa morta a chamá-lo.
Perturbado pelos telefonemas e pela morte da mulher, a personagem de Michael Keaton, Jonathan Rivers, vai procurar um homem que utiliza os chamados FEV - um mecanismo de gravação de som e imagem, por onde, ocasionalmente, espiritos poderão comunicar a que os americanos dão o nome de Electronic Voice Phenomena (EVP). Este homem vive obcecado por esta comunicação com espiritos há já alguns anos, gravando constantemente K7´s video e audio que lhe trazem informações do mundo dos mortos. Muitas vezes quando eles querem comunicar com os vivos. Jonathan Rivers começa assim a sua saga na tentativa de comunicar com a mulher que mais tarde acaba em obcessão, semelhante à do especialista que acaba por morrer em contornos assustadores. A casa do especialista aparece quase destruida por dentro e entre os escombros está o homem experiente morto. É que para além dos espiritos que querem dizer coisas positivas a familiares, existem os outros...
[aqui quase que parece uma reminiscência ao filme The Others...]

Jonathan, que partilha a a dor da perda com outra das "clientes" do especialista, Sarah Tate (Deborah Unger) vai pegar no método do especialista e implementá-lo na sua casa, com vários televisores sempre a gravarem. Entre as mensagens que lhe chegam de pessoas mortas, chegam também de pessoas que irão morrer - uma antevisão do futuro - onde ele acaba por ajudar e sentir-se perto de um justiceiro ou salvador. Mas o filme não tem nada a ver com isso e é sol de pouca dura. Ele é ludibriado por espirítos que não querem propriamente o bem e com isso provoca arrepios na espinha de muita gente na audiência. Não conto mais para não estragar...
O final desiludiu um pouco, mas não sendo um filme excelente é um filme assustadoramente BOM e muito eficaz, como há muito não se via.

Aconselho vivamente, apesar de alertar os mais sensíveis para não pensarem muito no filme durante a noite, ou não o verem à noite… eu vi de manhã… e pegou. Mas vale a pena.


Deborah Kara Unger.

Comments:
Bem, não fiquei assim tão entusiasmado com o filme, que nem começa mal mas vai piorando até ao final muito forçado. Por mim dava-lhe 1/5, e acho que o "The Jacket" é, apesar de tudo, superior. Enfim, gostos...

Continua com o blog que está muito bom :)
 
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