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sábado, abril 30, 2005

Eu, Peter Sellers 


A vida e a morte de Peter Sellers
A vida para o actor britânico Peter Sellers consistiu em encarnar várias personagens distintas mesmo no seu quotidiano. Geoffrey Rush traz ao grande ecrã o homem mimado, perturbado e genial na arte de interpretar que foi Peter Sellers.

João Tomé

«Já houve um ‘eu’ mas eu mandei-o retirar cirurgicamente». O actor britânico Peter Sellers, que se tornou célebre pela série de filme da Pantera Cor-de-rosa, foi um autêntico camaleão ao interpretar várias vezes num mesmo filme personagens muito distintas e intensas.
Eu, Peter Sellers é mais um biópico – parece estar na moda nos últimos tempos – sobre a vida e a morte deste actor que se envolvia de tal modo nas personagens que as trazia para a sua vida.
O actor Geoffrey Rush está irreconhecível e consegue transmitir num desempenho audaz e emotivo a genialidade de Sellers nos filmes e a infantilidade e carácter quase esquizofrénico na sua vida quotidiana. O filme começa com os primórdios da carreira de Sellers, quando fazia um programa cómico de rádio na BBC.
O ambiente é escuro e áspero e já aí Sellers encarnava personagens mesmo na sua vida. A partir daí somos transportados pelo realizador Stephen Hopkins para dentro dos filmes que Sellers fez e da sua vida – não há separações e nunca sabemos estamos dentro dos seus filmes ou da sua vida. Sellers era tão convencido quanto mimado e via na mãe o seu porto de abrigo. O pai mostra-se arrependido da educação mimada do filho, já a mãe ensina ao filho a ser arrogante e adora apaparicá-lo. Existem depois reminiscências à sua infância que nos mostram de onde veio muitas das características infantis de Sellers.
Muitas mulheres queixam-se da infantilidade dos amigos/maridos/namorados. Isso é porque não conheceram Peter Sellers. Ele brincava constantemente com a mulher e o filho. Até demais. Fazia birras quando não tinha o que queria. Numa das cenas quando o filho lhe risca inocentemente o carro, Sellers destrói de forma vingativa um dos brinquedos preferidos do filho.
Quando começa a tornar-se conhecido e “faz” de Inspector Jacques Clouseau no célebre A Pantera Cor-de-Rosa, entramos numa segunda parte do filme preenchida pelo glamour de Hollywood e a obsessão de Sellers por mulheres bonitas. Tem uma paixão por Sophia Loren acreditando, sem razões para isso, que ela o ama, e conversa sobre o assunto à mulher como se nada fosse. Como não consegue o que acreditava conseguir com Sophia Lauren, tem uma relação sexual com uma sósia.
Acaba por deixar a esposa de forma abrupta – depois de uns jogos teatrais com ela – e envolve-se depois com uma modela sueca chamada Britt Eklund, com quem se casa. A linda Charlize Theron é quem faz de Eklund, que dá beleza, mas um desempenho fraco ao filme – com uma pronúncia pouco convincente.

Ao longo destas relações entre um homem feio e mulheres bonitas, Sellers vai participando em filmes de Blake Edwards (interpretado pelo convincente John Lithgow), com quem tem uma relação de amor e ódio, de Stanley Kubrick (o clássico Dr. Strangelove). Sellers termina a vida, e termina o filme, a odiar o filme A Pantera Cor-de-Rosa e a realizar um desejo de sete anos. Colocar no cinema uma adaptação do livro Being There – onde "faz" de um jardineiro particular, papel que lhe valeu uma nomeação para o Oscar. Sellers (que morreu nos anos 80) gostava de dizer que não tinha personalidade e que utilizava a das suas personagens na sua vida e é isso que o filme nos mostra numa viagem pela sua vida.

De: Stephen Hopkins
Com: Geoffrey Rush, Charlize Theron, Emily Watson, John Lithgow
Origem: GB/EUA, 2004
Duração: 126 minutos
www.petersellersthemovie.com


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