domingo, dezembro 19, 2004
O Fantasma da Ópera
POR DETRÁS DA MÁSCARA
Texto de Rui Pedro Vieira, in Pública
Numa sala do luxuoso Hotel Dorchester, situado perto de uma esquina do Hyde Park de Londres, o realizador Joel Schumacher fala pausadamente e com a satisfação de quem conseguiu concretizar um sonho. O seu último filme, "O Fantasma da Ópera", é uma das grandes produções deste final de ano - estreia-se na próxima quinta-feira - e possui a pesada herança de ser uma sumptuosa adaptação do musical homónimo de Andrew Lloyd Webber. Schumacher tem consciência da responsabilidade, mas não esconde o fascínio de uma história passada numa das mais imponentes salas de espectáculos do século XIX, onde o brilho do palco contrastava com a escuridão dos espaços não visíveis pelo olhar da plateia.
"Quem já visitou a Ópera de Paris, provavelmente viu os canais e as catacumbas que lá existem. Hoje, estão iluminados, mas dá para imaginar o que era ter de andar por essas zonas apenas com uma tocha. Existem muitas superstições ligadas ao teatro, mas nos tempos victorianos era assustadora a ideia de lá existirem fantasmas, espíritos e ruídos estranhos", conta o realizador.
A explicação tem um único propósito: justificar a presença do célebre Fantasma, a figura desfigurada que o escritor Gaston Leroux criou para o romance "O Fantasma da Ópera", de 1911, e que protagoniza a maior parte da acção com uma máscara no rosto. É ele que vive nas profundezas da Ópera de Paris, escondido do olhar reprovador de toda a gente. E é ele que, em jeito de aparição, procura aterrorizar os artistas e conquistar o coração da delicada Christine Daae. Porém, a mais promissora das cantoras sente-se ainda atraída pelo visconde Raoul de Chagny, um jovem milionário que é também o novo dono da sala de espectáculos onde decorre quase toda a história.
Os três protagonizam um clássico triângulo amoroso que, para Joel Schumacher, é fácil de entender: "Queria que a relação de Christine com Raoul representasse o seu despertar para o romance e que a relação com o Fantasma mostrasse um outro lado do amor, mais negro, sexual, apaixonante, obsessivo e destrutivo." Os adjectivos não se esgotam no discurso do realizador, que aceitou o desafio de dirigir este musical depois de satisfeita uma única condição: os actores tinham de ser mais jovens do que aqueles que costumavam representar o espectáculo teatral concebido por Andrew Lloyd Webber.
O processo de selecção durou seis meses, mas ao fim desse tempo o escocês Gerard Butler (actor de "Dracula 2000" e "Tomb Raider: O Berço da Vida") tinha conseguido o papel de Fantasma. O quase desconhecido Patrick Wilson, recentemente elogiado pelo seu desempenho na mini-série "Anjos na América", foi o preferido para encarnar o visconde Raoul. E a jovem Emmy Rossum, de 18 anos, que interpretou a filha de Sean Penn em "Mystic River", parece ser, segundo o olhar semicerrado de Joel Schumacher, a maior revelação deste filme, onde veste a pele de Christine Daae: "A Emmy foi um milagre porque apareceu no último segundo. Fizemos testes durante seis meses, mas ela estava a filmar 'O Dia Depois de Amanhã' e achava que era demasiado nova e não iria conseguir este papel. Na altura não a conhecia. Mas a partir do momento em que ela apareceu em minha casa, percebi que além de bonita, tinha muito talento."
ver mais: Pública
Texto de Rui Pedro Vieira, in Pública
Numa sala do luxuoso Hotel Dorchester, situado perto de uma esquina do Hyde Park de Londres, o realizador Joel Schumacher fala pausadamente e com a satisfação de quem conseguiu concretizar um sonho. O seu último filme, "O Fantasma da Ópera", é uma das grandes produções deste final de ano - estreia-se na próxima quinta-feira - e possui a pesada herança de ser uma sumptuosa adaptação do musical homónimo de Andrew Lloyd Webber. Schumacher tem consciência da responsabilidade, mas não esconde o fascínio de uma história passada numa das mais imponentes salas de espectáculos do século XIX, onde o brilho do palco contrastava com a escuridão dos espaços não visíveis pelo olhar da plateia.
"Quem já visitou a Ópera de Paris, provavelmente viu os canais e as catacumbas que lá existem. Hoje, estão iluminados, mas dá para imaginar o que era ter de andar por essas zonas apenas com uma tocha. Existem muitas superstições ligadas ao teatro, mas nos tempos victorianos era assustadora a ideia de lá existirem fantasmas, espíritos e ruídos estranhos", conta o realizador.
A explicação tem um único propósito: justificar a presença do célebre Fantasma, a figura desfigurada que o escritor Gaston Leroux criou para o romance "O Fantasma da Ópera", de 1911, e que protagoniza a maior parte da acção com uma máscara no rosto. É ele que vive nas profundezas da Ópera de Paris, escondido do olhar reprovador de toda a gente. E é ele que, em jeito de aparição, procura aterrorizar os artistas e conquistar o coração da delicada Christine Daae. Porém, a mais promissora das cantoras sente-se ainda atraída pelo visconde Raoul de Chagny, um jovem milionário que é também o novo dono da sala de espectáculos onde decorre quase toda a história.
Os três protagonizam um clássico triângulo amoroso que, para Joel Schumacher, é fácil de entender: "Queria que a relação de Christine com Raoul representasse o seu despertar para o romance e que a relação com o Fantasma mostrasse um outro lado do amor, mais negro, sexual, apaixonante, obsessivo e destrutivo." Os adjectivos não se esgotam no discurso do realizador, que aceitou o desafio de dirigir este musical depois de satisfeita uma única condição: os actores tinham de ser mais jovens do que aqueles que costumavam representar o espectáculo teatral concebido por Andrew Lloyd Webber.
O processo de selecção durou seis meses, mas ao fim desse tempo o escocês Gerard Butler (actor de "Dracula 2000" e "Tomb Raider: O Berço da Vida") tinha conseguido o papel de Fantasma. O quase desconhecido Patrick Wilson, recentemente elogiado pelo seu desempenho na mini-série "Anjos na América", foi o preferido para encarnar o visconde Raoul. E a jovem Emmy Rossum, de 18 anos, que interpretou a filha de Sean Penn em "Mystic River", parece ser, segundo o olhar semicerrado de Joel Schumacher, a maior revelação deste filme, onde veste a pele de Christine Daae: "A Emmy foi um milagre porque apareceu no último segundo. Fizemos testes durante seis meses, mas ela estava a filmar 'O Dia Depois de Amanhã' e achava que era demasiado nova e não iria conseguir este papel. Na altura não a conhecia. Mas a partir do momento em que ela apareceu em minha casa, percebi que além de bonita, tinha muito talento."
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