terça-feira, dezembro 14, 2004
Eduardo Serra, em Público
"Não Penso Que Possa Haver Um Cinema Português Que Dê Lucro"
Acaba de obter o "Óscar" do cinema europeu pelo seu trabalho de fotografia em "Rapariga com Brinco de Pérola" - "uma boa surpresa". Sobre o cinema português, onde trabalha ocasionalmente, diz que "permite fazer coisas que não se conseguem fazer noutro sítio". Por Kathleen Gomes (Público)
O Óscar fugiu-lhe em Fevereiro (pela segunda vez), mas o português Eduardo Serra obteve sábado à noite o Prémio do Cinema Europeu como melhor director de fotografia por "Rapariga com Brinco de Pérola", adaptação por Peter Webber do romance de Tracy Chevalier inspirado no célebre quadro homónimo do mestre da pintura holandesa do século XVII, Vermeer.
Serra, 61 anos, fixou há muito residência em Paris, de onde nos falou, por telefone. Tem trabalhado, sobretudo, no circuito do cinema europeu e, ocasionalmente, nos Estados Unidos: era dele a fotografia de "O Protegido" (2002), de M. Night Shyamalan, e rodou recentemente "Beyond The Sea", filme biográfico em jeito de musical realizado e protagonizado por Kevin Spacey. "É um dos filmes mais excitantes que tenho feito até agora, a nível de trabalho e de exigência", diz. Também tem deixado a sua marca no cinema português, a última das quais em "O Delfim" (2002), de Fernando Lopes. Afirma que o cinema português "dá por vezes uma liberdade que permite fazer coisas que não se conseguem fazer noutro sítio".
PÚBLICO - Um "Óscar" europeu tem o mesmo significado, para si, de um Óscar de Hollywood?
EDUARDO SERRA - Obviamente que não. Estes prémios europeus são uma coisa recente. Ainda não se pode dizer que seja uma coisa que esteja perfeitamente acabada. Mas foi uma boa surpresa. Confesso que estava um bocado céptico... O problema é que há filmes de toda a Europa, portanto tem de haver uma primeira selecção e depende muito da qualidade dessa selecção. Uma coisa que me orgulha muito é que o nível dos meus concorrentes era bastante alto. Em particular, há dois colegas de quem admiro o trabalho há mais de 20 anos, o espanhol Javier Aguirresarobe e Lajos Koltai, que é húngaro e fez todos os filmes do István Szabó. Até fiquei muito tocado porque o Lajos disse que tinha votado por mim [risos].
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