<$BlogRSDURL$>

terça-feira, maio 19, 2009

Cinema de bolso 

"(...) vale a pena citar o exemplo esclarecedor de Second Life, um dos filmes lançados e promovidos para “salvar” o cinema português da sua miséria económica.
O filme gerou uma receita bruta de 403 mil euros. Ora, de acordo com a respectiva produção, custou um milhão e meio de euros.
Tendo em conta que à receita é necessário retirar custos de cópias, gastos em publicidade e ainda a percentagem que fica nos exibidores, pergunta-se: onde estão os lucros?"


João Lopes, in Sound+Vision



sábado, maio 02, 2009

Birth of a filmmaker 



Há quem diga que os filmes das pessoas que conhecemos têm sempre mais encanto. Deve ter alguma dose de realismo. Mas a verdade é que gostei genuinamente da primeira longa metragem do meu ex-colega de faculdade João Rosas, presente na competição internacional, nacional e de cinema emergente do IndieLisboa.

Birth of a City é um filme de final de curso, com muitas limitações, mas repleto de significados, motivos de interesse e um ritmo que supera a maior parte dos filmes portugueses, nomeadamente os considerados de "autor".
Tendo a cidade de Londres, mais especificamente o bairro de Hackney - onde o João viveu durante os três anos de curso - como pano de fundo, cedo percebemos que não se trata de um simples documentário, ou que as imagens daquele bairro que aparecem não estão ali por acaso.
A voz-off do João conduz-nos por significados mais profundos do que as simples imagens. Há ali uma história e acima de tudo ideias claras e inspiradas sobre a crise actual, a sociedade e a forma de existirmos enquanto comunidade urbana.
As profissões, a rotina diária, os bancos e o seu papel. Tudo isto são reflexões de um trio: os pensamentos em voz-off do João, o nascimento de uma cidade em tela pintada pela incrivelmente talentosa Claire, e o próprio bairro londrino repleto de profissões, movimento e contradições.
Apesar de andar no limbo entre documentário e ficção, apesar de parecer por vezes uma curta-metragem alongada, apesar de ter alguns momentos que parecem ser desnecessários, esta é uma primeira obra claramente entusiasmante e promissora, feita de uma forma e com um talento para os significados intensos que raramente se vê no cinema português.


--
Visto o filme, fico com pena que não ter conseguido passar por Bethnal Green (a zona onde o João morou e onde o filme foi rodado) em Dezembro, quando fui pela primeira vez a Londres. "O melhor é encontrarmo-nos aqui pela minha zona, sem turistas nem show-off, é a verdadeira Londres", dizia-me o João nessa altura.

Links sobre o filme:
Entrevista ao Jornal de Letras
Ficha do Indie sobre o filme
Entrevista ao Ipsilon
Uma das curtas feitas no âmbito da Gulbenkian
Crítica ao filme de Jorge Mourinha


Birth of a City, de João Rosas
Segunda, 27 de Abril, às 21h45 e sexta, 1 de Maio, às 15h, na Sala 1 do Cinema Londres

“Era uma vez um rapaz em Londres. Dia após dia, ao andar pela rua, o rapaz, não sendo doido, ouvia a cidade falar consigo. Não eram só as pessoas, eram também os edifícios que falavam, e os autocarros e os comboios, os parques e os mercados. E diziam – ora gritando, ora sussurrando – fi lma-me! E o rapaz, dia após dia, de câmara em riste, em peregrinação, fi lmou. O quê? O seu bairro e quem lá vive e trabalha. E uma rapariga. Claire. Pintora. De quê? Cidades. Assim se fez Birth of a City, como se de um diário se tratasse. Espero que gostem.” (João Rosas)



"Como definirias "Birth of a City"?
Londres, Hackney, uma rapariga que pinta, uma banda que toca, umas férias de verão, uma crise financeira, operários que trabalham, vendedores que vendem, comboios que deslizam, autocarros que partem e um rapaz que tenta filmar cada história que a cidade tem para lhe contar.", in Ipsilon


This page is powered by Blogger. Isn't yours?