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sábado, setembro 10, 2005

Breves de Veneza - DN 

Leão de Ouro para Hayao Miyazaki
Aos 64 anos, Hayao Miyazaki, o mestre da animação japonesa, recebeu ontem o Leão de Ouro de Carreira do 62.º Festival de Veneza. O reservado autor de Porco Rosso, A Viagem de Chihiro e Owl's Moving Castle não gosta de aparecer em público e quis declinar a honra dizendo a Marco Muller, o director do festival, que ainda não era suficientemente velho para a receber. "Mas ele respondeu-me que no ano passado tinham dado o Leão de Ouro a Clint Eastwood, que continua activo e logo a seguir ganhou um Óscar com Million Dollar Baby, e não tive mais argumentos para recusar...", contou Miyazaki. O criador dos Estúdios Ghibli é um grande admirador de Itália, que diz ser "a antítese do Japão, onde tudo é igual. Em Itália, é tudo bara bara", isto é, "diferente".

Eurico de Barros, DN

Xangai
O realizador de Hong Kong Stanley Kwan mostrou 'Everlasting Regret' em competição. Um hino intimista e melodramático
Muitos são os filmes que duram tempo a mais para aquilo que têm para contar. A inversa raramente se verifica um filme com pouco tempo para contar tudo o que precisava e da maneira que queria. Em Veneza, manifestou-se um desses raros fenómenos, na pessoa de Everlasting Regret, de Stanley Kwan (competição), nome de primeiro plano do cinema de Hong Kong, e baseado num dos romances mais vendidos e mais influentes na China na década de 90. Ou ano tratasse da história colectiva deste país nas últimas décadas.
Estamos em 1947. Duas adolescentes visitam um estúdio de cinema de Xangai. Um fotógrafo de "estrelas", impressionado com a beleza de uma delas, pede autorização para lhe tirar o retrato, expô-lo na vitrina do seu estúdio e mandá-lo para algumas revistas de cinema. Essa fotografia vai decidir o destino da jovem Qiyao, desde a hora em que se torna Miss Xangai até ao momento da sua morte, mais de 30 anos depois

Protestos em redor dos filmes italianos
Não há Festival de Veneza sem controvérsias, dramas e protestos em redor dos filmes italianos. É mais certo do que massa para o almoço. Este ano, as hostilidades abriram com a péssima recepção dada a I Giorni Dell'Abbandono, de Roberto Faenza, que levou o realizador a dizer que aqueles que o tinham assobiado, pateado e insultado nas projecções, e escrito mal dele, "não sabiam o que era derramar uma lágrima" (a fita, sobre uma quarentona abandonada pelo marido, baseia-se num romance escrito sob pseudónimo, não se sabe se por uma mulher, se por um homem), e pôs muita gente a perguntar o que estava um filme destes a fazer na competição. Ontem, começou a correr mais bílis por causa de Texas, primeira longa-metragem do jovem Fausto Paravidino, programada na secção paralela Horizontes.

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Fatalidades de um cinema diferente
Veneza viu 'O Fatalista', de João Botelho, segunda fita nacional a competir
Portugal é um sítio verdadeiramente desconcertante. Os cidadãos querem desesperadamente atingir o nível de vida dos restantes países europeus, o primeiro- -ministro fala em "choque tecnológico", e a classe política e os empresários desdobram-se em discursos sobre o "desenvolvimento" e o "progresso". E depois tem, nesta altura, como candidatos à Presidência da República um estalinista, um trotskista e um socialista octogenário, tem uma cultura financeiramente viciada no Estado e tem realizadores como João Botelho, que ontem, em Ve-neza, na conferência de imprensa do seu filme O Fatalista (competição), fez profissão de fé na patacoada marxista da "luta de classes" como explicação para a complexidade do mundo, falou no confronto entre os filmes "de mer-cado", para "o público e para as audiências", e os filmes "de arte", para "as pessoas", jurou por São Rossellini em oposição a São Dólar e invocou um cinema "abstracto".

Festival de Veneza
O cineasta Abel Ferrara tenta falar de religião e de fé em 'Mary', com Juliette Binoche, mas este não é o seu departamento nem mesmo o seu 'habitat'

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